A leitura do acórdão de José Sousa, o homem que, em fevereiro do ano passado, assassinou a mulher no local de trabalho, em Gondomar, foi esta terça-feira adiada, porque o tribunal anunciou uma alteração não substancial dos factos da acusação e a defesa não prescindiu de prazo para se pronunciar.
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O advogado de defesa tem até 20 de junho para preparar a defesa do arguido, sendo a sessão retomada a 26 de junho pelas 14 horas. A alteração não substancial dos factos de que o arguido vinha acusado, relacionada com os crimes de violência doméstica e coação agravada, resulta da prova produzida em sede de julgamento, explicou esta manhã a presidente do coletivo de juízes do Tribunal de S. João Novo, no Porto, onde o homem, de 48 anos, responde por homicídio qualificado, violência doméstica e coação agravada.
Em maio, nas alegações finais, o Ministério Público pediu a condenação do arguido a uma pena de, "pelo menos", 15 anos de prisão, tal como o JN noticiou. Durante as alegações finais, que decorreram no Tribunal de São João Novo, no Porto, o procurador referiu que o arguido agiu com "premeditação", que a sua conduta assumiu "especial censurabilidade" e que "não há nada que milite a seu favor". "Foi óbvia a intenção homicida", disse o magistrado, referindo-se ao facto de Carla Dias ter sido esfaqueada na agência de seguros, onde fazia limpezas, na Rua dos Combatentes da Grande Guerra.
Por sua vez, a advogada que representa os pais da vítima referiu que o coletivo de juízes tem de ter a "coragem" de aplicar uma pena que sirva de "exemplo" a outros potenciais agressores e que 15 anos é "pouco" para o "calvário" que Carla Dias viveu durante os últimos anos. A causídica lembrou que o sofrimento dos pais da vítima "não pode ser esquecido" e que o arguido, além de ser incumpridor das "sentenças judiciais e ordens policiais", "hipotecou" ainda a vida dos filhos.
Já a defesa sustentou que não seria "justo" retirar credibilidade ao depoimento do arguido, que confessou o crime, uma vez que "seria mais fácil este remeter-se ao silêncio". O advogado recordou que o homicida conta com o apoio da família e que este trabalha no estabelecimento prisional. "É uma pessoa que até demonstrou sentimento neste julgamento", disse.