Adiada leitura de sentença de César Boaventura por tentativa de corromper futebolistas
O Tribunal de Matosinhos adiou, esta quarta-feira, a leitura de sentença do empresário César Boaventura, acusado de abordar três jogadores do Rio Ave e um do Marítimo para beneficiar o Benfica. Em causa esteve uma alteração não substancial dos factos.
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Na origem da alteração da acusação estão declarações do futebolista Cássio, que terá apresentado duas versões: na fase de inquérito declarou que César Boaventura lhe tinha dito que não havia problema se não aceitasse o suborno, porque "já tinha comprado" o Lionn e o Marcelo.
Porém, quando foi ouvido em audiência, em vez de "comprado", usou a expressão "falado". O tribunal considerou provado o "falado", mas isso constitui uma alteraçao não substancial dos factos.
O advogado de Boaventura, Melo Alves, não prescindiu do prazo para se pronunciar. A audiencia será retomada no dia 14, às 15.30 horas.
Tenta corromper para favorecer Benfica
César Boaventura está acusado de quatro crimes de corrupção ativa, alegadamente cometidos na época desportiva de 2015/16. Segundo o Ministério Público, nas vésperas do Rio Ave-Benfica, abordou três jogadores da equipa de Vila do Conde para, em troca de dinheiro, facilitarem a vida ao clube da capital, na altura presidido por Luís Filipe Vieira. Também terá abordado um jogador do Marítimo com o mesmo propósito.
Os jogadores do Rio Ave em causa terão sido Cássio, Marcelo e Lionn. Em audiência, Cássio, guarda-redes, confirmou o encontro com o empresário e que este lhe terá oferecido 60 mil euros "para facilitar". Já o colega Marcelo, embora confirmando a abordagem, disse ter recebido a abordagem como uma "brincadeira". Lionn, o último dos ex-atletas do Rio Ave a ser pretensamente aliciado, ainda não compareceu no tribunal.
No que concerne ao ex-maritimista, Salin, que terá sido abordado (também em 2016) na Madeira pelo controverso empresário, uns dias antes de o Marítimo receber o SLB, o atleta disse em tribunal foi aliciado, mas que, quando percebeu o que Boaventura queria, acabou com a conversa.
Boaventura diz que é "tudo mentira"
Em tribunal, o empresário arguido disse que era "tudo mentira" e garantiu que nunca falara com Cássio e que com Marcelo apenas falara uma vez, "numa discoteca", sem nunca abordar o jogo contra o Benfica. Já quanto a Salin, admitiu que foi à Madeira, para se encontrar com o atleta que estaria em fim de contrato, com o "único" objetivo de lhe propor "um contrato na Turquia".
Num outro processo, César Boaventura está a ser julgado por dez alegados crimes de burla qualificada, falsificação de documento, fraude fiscal e branqueamento. O empresário, que garantia ser próximo de Luís Filipe Vieira, é suspeito de ter burlado empresários, prometendo-lhes dividendos que nunca apareceram.