Sidney e Nélida estão presos por roubos, mas perícias da PJ provam envolvimento em mortes em Bragança.
Corpo do artigo
Era a prova que faltava para ligar o casal Sidney Martins e Nélida Guerreiro - atualmente preso por assaltos à mão armada, no Algarve e em Espanha - ao triplo homicídio da família de Bragança. As perícias até agora realizadas pela Polícia Judiciária já permitiram encontrar, num carro usado pelo casal nos roubos a estações de serviço, um mês após o homicídio, o ADN de pelo menos uma das vítimas mortais.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, logo após o casal ter abandonado um Citroën que tinha furtado, a PJ realizou minuciosos exames forenses no interior do veículo. O objetivo era recolher o máximo de prova que os ligasse aos roubos, mas também ao triplo homicídio de Bragança. E descobriu, no habitáculo do Citroën, vestígios com ADN de uma das vítimas.
A investigação confirma assim que o casal esteve envolvido nas mortes da aldeia de Donai. Mas estão em curso mais perícias, para consolidar a prova já recolhida pela PJ de Vila Real, que, com Nélida e Sidney atualmente em prisão preventiva pelos roubos violentos, podem constituí-los arguidos nas próximas semanas ou mesmo meses.
De Faro e Bragança
O casal viveu vários anos na zona de São Brás de Alportel, Algarve, onde foi acusado do homicídio de um idoso de 70 anos, em 2018, mas acabou absolvido.
Rumou depois a Trás-os-Montes, onde Nélida tem familiares e, há uma década, foi aluna do Instituto Politécnico de Bragança. Meses após a chegada a Trás-os-Montes, Nélida terá começado a prostituir-se. O companheiro, natural da Venezuela, trabalhou numa oficina de tratores.
Viciado em drogas, o casal conheceu Carlos Pires, também toxicodependente, com quem Nélida teve um caso. E, a 9 de julho, Nélida e Carlos foram ao Porto comprar droga. Aproveitando a ausência, Sidney terá decidido assaltar a casa dos pais de Carlos em Donai, matando a sua mãe, Olga, à facada e à pancada. José Pires, o pai, foi atacado pelas costas e escapou.
Passados 11 dias, houve nova tragédia na casa de Donai. O casal sabia que Carlos adquirira droga e que o pai poderia ter dinheiro. Nélida convenceu Carlos a passar a noite com ela e, de madrugada, terá deixado uma porta aberta, para Sidney entrar sem ser notado. Carlos foi o primeiro a ser assassinado, com uma faca. Ao aperceber-se, o pai foi em socorro do filho e também foi morto. Os homicidas ainda atearam fogo à casa, para destruir provas, mas não o conseguiram, devido à intervenção dos bombeiros.
A PJ suspeita que, após aquele caso, Sidney e Nélida fugiram para o Algarve e, a seguir, para Espanha, onde acabaram por ser detidos.
Percurso
Separados apenas pela prisão
Nélida e Sidney conheceram-se durante a adolescência, no Algarve. Começaram a namorar e só se separavam quando as autoridades os punham em prisão preventiva. Em outubro de 2020, o casal vivia em Trás-os-Montes, onde começou a assaltar residências. Foi apanhado em flagrante na casa de um guarda prisional e posto em preventiva. Mas a Relação de Guimarães libertou os arguidos meses depois, por considerar que a medida de coação era excessiva. Acabaram condenados a pena de prisão suspensa.
Captura
Apanhados a comer
O casal foi detido a 13 de agosto, em Zamora, após ser reconhecido por um cidadão, que o viu num restaurante McDonald"s e chamou a polícia.
Juiz dá preventiva
Nélida e Sidney foram levados de Zamora para Madrid, onde um juiz os pôs em prisão preventiva, ao abrigo do mandado de detenção europeu.
Opções diferentes
Nélida opôs-se à sua entrega a Portugal e continua presa em Madrid. Sidney aceitou a extradição e, na segunda-feira, foi entregue a Portugal. A seguir, um juiz português pô-lo em prisão preventiva.