Um rapaz, com 15 anos, foi agredido a murro por um elemento da Unidade Especial de Polícia da PSP quando estava encostado a uma parede. O caso aconteceu na noite de domingo, em Abrantes, e foi filmado com um telemóvel.
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Ao JN, Almerindo Lima, dinamizador comunitário e dirigente associativo, conta que o jovem foi passar o fim de semana a casa de familiares, em Abrantes, e, juntamente com uns amigos, foi divertir-se para as festas populares da cidade. Já no recinto das festividades, o grupo terá ouvido uns gritos e dirigiu-se para o local de onde partia o som.
A meio do trajeto, porém, os rapazes, todos entre os 14 e os 16 anos, terão sido abordados pela PSP e encostados a uma parede. Almerindo Lima garante que foram, em seguida, ameaçados e agredidos.
Um vídeo filmado com telemóvel mostra, em 38 segundos, três rapazes encostados à parede, com os braços no ar e de costas para cinco polícias. A determinada altura, a maioria dos agentes concentra-se num dos adolescentes e um deles desfere um murro na zona da barriga da vítima, fazendo com esta tenha de se aninhar.
O rapaz dirigiu-se, no dia seguinte, ao Centro Hospitalar Médio Tejo, onde descreveu dores na zona das costelas por ter sido agredido por polícias. Os exames que realizou não demonstraram qualquer lesão grave.
"Jovens ciganos são alvos"
Almerindo Lima não tem dúvidas que este é um caso de "violência policial racista em Portugal". "O anticiganismo é fundacional e estruturante do imaginário de alguns agentes de autoridade. E essa narrativa é utilizada para justificar o caráter de exceção das intervenções policiais. Os jovens ciganos são os principais alvos da brutalidade policial. São maltratados, humilhados e agredidos sistematicamente pelas forças de segurança", refere.
O dinamizador comunitário e dirigente associativo acrescenta que o "arquivamento da maioria dos casos de violência policial e a ausência de condenações alimenta o sentimento de impunidade".
O JN pediu esclarecimentos à PSP, mas até ao momento não obteve resposta.