Advogada vai ser julgada por burla de 91 mil euros

Foi enviado para julgamento no Tribunal do Bolhão, no Porto, o processo em que uma advogada é acusada de ter burlado um cliente em 91 mil euros. A jurista do Porto terá levado um empresário a entregar-lhe dinheiro para aquisições de imóveis penhorados pelas Finanças que, afinal, nunca se concretizaram.

A advogada foi acusada pelo Ministério Público por burla qualificada. O Tribunal de Instrução Criminal do Porto confirmou a acusação, não obstante a arguida, Francisca Gradim Ferreira, negar os factos que deram origem à queixa de Vítor Jesus, empresário da área dos materiais de construção.

Em causa estão suspeitas de que a advogada terá convencido o cliente (de há 18 anos) a entregar-lhe dinheiro para investir em imóveis que dizia penhorados pelas Finanças e que alegava conseguir adquirir por preço abaixo do valor real. Só que os imóveis nunca estiveram penhorados, tinham dono e o empresário ficou sem o dinheiro.

Já a advogada nega ter enganado o cliente. No seu requerimento de instrução, contrapôs que Jesus "montou toda uma teia de factos através de estratagemas que urdiu com o único fito de extorquir dinheiro". Acusa o cliente de falsificar letras de câmbio e mensagens de telemóvel, garantindo que ela é que emprestou dinheiro e não sugeriu investimentos. Porém, a queixa foi arquivada.

Na decisão instrutória, a juíza concluiu existirem indícios de que a advogada terá promovido uma "encenação" para levar o cliente a investir.

A decisão judicial deu relevo a uma perícia que dá como provável ter sido a arguida a assinar documentos qualificados por esta como falsos. Por outro lado, a magistrada considerou não credível que a advogada tenha emprestado dinheiro ao empresário.

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Três terrenos em Matosinhos (dois) e na Maia (um) foram, segundo o Ministério Público, utilizados como chamariz para investimentos no valor de 31 mil, 35 mil e 25 mil euros, num total de 91 mil euros.