Advogado da família da grávida da Murtosa também pediu 25 anos de prisão para arguido
O advogado António Falé de Carvalho, que representa a família de Mónica Silva, grávida desaparecida da Murtosa, solicitou uma pena de 25 anos de prisão, para o arguido, Fernando Valente. Antes, tinha dito à porta do Tribunal de Aveiro que ia pedir uma pena de 20 anos.
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"Após ter ouvido as alegações da senhora procuradora da República, entendi que, afinal, se justifica uma pena máxima de 25 anos de prisão", afirmou o advogado António Falé de Carvalho, que às 9.30 horas tinha dito aos jornalistas que iria pedir 20 anos de cadeia para o arguido.
Nas suas alegações, o advogado disse que "os álibis de Fernando Valente foram desmascarados", referindo "que foi o arguido quem assassinou a vítima, grávida de sete meses", bem como "as versões apresentadas aqui, durante o julgamento, pelos seus pais".
"Há uma convergência de factos e situações, que a Polícia Judiciária apurou, na investigação criminal, que não nos deixam dúvidas algumas de ter sido o arguido, Fernando Valente, quem matou a senhora Mónica Silva na noite de 3 de outubro de 2023", destacou ainda o advogado, segundo o qual "há provas digitais suficientes para condenar o arguido, Fernando Valente".
"A senhora Mónica Silva foi atraída a uma cilada, não sabendo que jamais voltaria mais com vida, tratou-se de uma emboscada por parte de Fernando Valente, pois, na sua ingenuidade, pensava que ele só queria ver as ecografias", afirmou o advogado.
António Falé de Carvalho considerou que "a única forma de compensar estes dois filhos, ambos menores, é financeiramente, o que implica uma indemnização cível, por danos patrimoniais e não patrimoniais", pedindo que sejam compensados pelo crime. O advogado da família de Mónica Silva pediu também uma indemnização cível para o viúvo da vítima, o pescador André Pataca, quantificando que deverá ser ressarcido, apelando à quantia total que já tinha solicitado e que é de 550 mil euros.
"O telemóvel da vítima foi completamente destruído para não deixar quaisquer vestígios", segundo o mesmo advogado, afirmando que "o tapete da sala do apartamento da Vila da Torreira, onde Mónica Silva foi assassinada, nunca foi encontrado".
Suspeito de abuso sexual de menores
Enquanto aguarda pela marcação da date e hora do acórdão, Fernando Valente responde ainda em outros dois processos criminais, um em que é suspeito do crime de abuso sexual de menores e outro relativo ao crime de branqueamento de capitais.
Em 23 de maio de 2024, dentro do seu apartamento, em Gaia, Fernando Valente foi surpreendido pela Polícia Judiciária de Aveiro com dezenas de fotografias de uma menina, com cerca de dez anos, completamente nua, sendo suspeito da prática de crime de abuso sexual de menores, levando o Ministério Público a abrir uma certidão criminal autónoma e está a investigá-lo.
Fernando Manuel Tavares Valente, que tinha escondidos 89 mil euros debaixo do colchão da cama, na sua residência, na zona da Bestida, na Murtosa, é igualmente suspeito do crime de branqueamento de capitais.
O arguido foi candidato à presidência da Junta de Freguesia do Bunheiro nas eleições autárquicas de 2013, pelo CDS, numa lista que integrava a sua então esposa, farmacêutica em Vila Nova de Gaia, de quem se divorciou, há vários anos.
Poucas semanas antes do julgamento, a ex-mulher de Fernando Valente conseguiu retirar-lhe a guarda partilhada da filha do casal, no Tribunal de Família e Menores de Gaia, só podendo este agora estar com a filha na presença de um técnico social.