O advogado de Pinto da Costa no "caso do envelope", Gil Moreira dos Santos, recorreu à ironia para tentar descredibilizar o depoimento de Carolina Salgado, principal testemunha de acusação. Aludiu aos erros ortográficos no Magalhães e aos pássaros que migram para o Alentejo.
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Durante o julgamento, Carolina Salgado utilizou várias vezes "força de expressão" ao referir-se a um conjunto de acusações que fez a Pinto da Costa no livro "Eu Carolina", o que foi aproveitado pelo advogado. "(Forças de expressão), isso é uma coisa que nós temos de ter. Não vê que o Magalhães está cheio de forças de expressão?", disse o advogado, fazendo uma analogia entre o depoimento da ex-companheira de Pinto da Costa no Tribunal de Gaia e os erros ortográficos detectados num jogo para crianças instalado nos computadores Magalhães.
Quanto questionado se esta tinha sido uma gralha, um erro tipográfico, de Carolina Salgado, o causídico disse que "gralha é um pássaro que anda por aí e que vai às vezes para o Alentejo", em nova alusão a Carolina Salgado, que agora vive no sul do país.
"Se calhar está a padecer de alguma coisa grave que a fez vir quarta-feira ao IML (Instituto de Medicina Legal) e esqueceu-se de vir ao tribunal", reforçou. Gil Moreira dos Santos referiu-se ao facto de a testemunha ter ido fazer exames médicos de manhã (depois de, alegadamente, ter sido vítima de uma chapada de uma mulher à saída do tribunal) e de à tarde ter ido para o Alentejo por, supostamente, não ter quem cuidasse dos filhos.
Tal como aconteceu na semana passada, Carolina Salgado voltou a ser insultada pela mesma mulher, quando abandonava o parque de estacionamento do tribunal, no final da sessão da manhã do julgamento. Desta vez, a PSP tinha quase uma dezena de elementos no local, impedindo a mulher de se aproximar do carro.
O julgamento prossegue esta tarde, com a audição dos peritos em arbitragem Vítor Pereira, Adelino Antunes e Jorge Coroado. Este processo reporta-se ao encontro Beira-Mar-FC Porto (0-0), da 31ª jornada da Liga de 2003/04, realizado em 18 de Abril.
O processo do "caso do envelope" é um apêndice do mega-processo Apito Dourado e tem como génese casos de alegada corrupção e tráfico de influências no futebol profissional e na arbitragem portuguesa.
Pinto da Costa e António Araújo estão pronunciados pelo crime de corrupção desportiva activa e ao árbitro Augusto Duarte é imputado o crime de corrupção desportiva passiva.