Pedro Delille tentou evitar que julgamento começasse ontem.
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O advogado de José Sócrates, Pedro Delille tentou adiar o arranque do julgamento com diversos requerimentos e dois incidentes de recusa visando a juíza-presidente do coletivo, Susana Seco, e os três procuradores do Ministério Público (MP). A magistrada registou alguns pedidos, recusou liminarmente outros, mas mostrou a firme intenção de iniciar o julgamento que começou de forma atribulada.
Logo pela manhã, Dellile pediu que o julgamento não arrancasse sem que a Justiça se pronunciasse sobre um pedido de afastamento da juíza-presidente. Entende que esta não tem a imparcialidade para julgar o caso, alegando que sofreu influências do grupo de trabalho da Operação Marquês, criado pelo Conselho Superior da Magistratura. Para tentar afastar os procuradores, alegou que o seu superior hierárquico, o procurador-geral da República, Amadeu Guerra, deu recentemente uma entrevista em que disse que Sócrates tinha agora, em julgamento, a oportunidade de demonstrar a sua inocência. Acreditando que o responsável máximo do MP inverteu a presunção de inocência numa “presunção de culpa”, Delille entende que os procuradores do julgamento também não têm imparcialidade.
Numa acalorada troca de argumentos com a juíza, o advogado exigia o adiamento do julgamento sem que fosse decidido a eventual apensação do chamado “minioperação” Marquês. No mês passado, após recursos, o Tribunal Central de Instrução Criminal remeteu Sócrates e Santos Silva para julgamento, numa decisão que Dellile entende ser passível de recurso.
O coletivo entendeu prosseguir na mesma com o julgamento por o mesmo ser de natureza urgente e pelo facto das outras questões já terem sido decididas pelos tribunais superiores.