Advogado do caso Babel comprou seis carros de luxo com dinheiro sacado a construtores
João Lopes, o advogado que está a responder no tribunal de Gaia por suspeitas de ter recebido dinheiro de dois promotores imobiliários para, alegadamente, corromper o então vice-presidente daquele município,Patrocínio Azevedo, afirmou em julgamento que comprou seis carros de luxo em três anos.
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João Lopes que continua a afirmar que nunca deu "um tusto" ao vice-presidente Patrocínio Azevedo, embora fizesse crer, pelo menos a um promotor imobiliário, também arguido, que o dinheiro que lhe pedia - 50 mil euros (mas o Ministério Público fala em 125 mil) - era para o ex-autarca dar facilidades aos empreendimentos de Paulo Malafaia e do israelita Elad Dror.
Desde que começou a depor, João Lopes sempre afirmou a inocência do ex-autarca, no entanto, não tem conseguido explicar, de forma clara, bem pelo contrário, escutas e SMS onde, recorrendo a linguagem "codificada", às vezes pueril, fala de "euros", "encomendas", tudo para "o outro", que nunca nomeia.
O Ministério Público insiste e teima que "o outro" é Patrocínio Azevedo. Acusação que João Lopes nega, serpenteando por entre as questões com respostas muitas vezes irracionais.
Na terça-feira, o defensor de Patrocínio Azevedo confrontou João Lopes com mensagens que este tinha trocado com Malafaia, essas sim, muito claras: "Preciso muito de dinheiro", "Estou muito necessitado" e "preciso de dinheiro como de pão para a boca", foram algumas das expressões usadas por Lopes para sacar dinheiro ao empresário. Mas a defesa de Patrocínio Azevedo não se ficou por aí. Era preciso saber onde João Lopes metia o dinheiro, coisa que nunca conseguiu explicar convenientemente em audiência. "No período em causa [entre 2019 e 2022] quantos automóveis o senhor comprou?", questiona o advogado. João Lopes, meio envergonhado, diz que entrara "na crise dos 50". E começa a desbobinar: "um Mercedes, um Ford Mustang, um Jeep, um Mini e um Jaguar". Seis automóveis de luxo em três anos. Até hoje, e vamos na décima sessão, foi a maior, ou a única explicação plausível sobre o destino dado ao dinheiro de que se fala neste processo.
A João Lopes seguir-se-á Paulo Malafaia que deverá dizer ao tribunal se o dinheiro alegadamente entregue a João Lopes era para este comprar relógios e carros de marca, ou se se destinava ao vice-presidente da Câmara de Gaia.