O advogado grego que está a defender o motorista português que foi preso na Grécia, em janeiro, por transportar quatro imigrantes ilegais, entregou um conjunto de imagens de videovigilância aos juízes para tentar provar a inocência de Luís Marques.
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"O advogado grego entregou [quinta-feira] 15 filmagens de todas as paragens que o meu marido fez na Grécia. Seja nas empresas, nas estações de serviços ou quando esteve a dormir perto do Porto de Patras, que deve ter sido onde os imigrantes entraram no camião", conta Lúcia Moura ao JN, lamentando que as filmagens só agora tenham sido recolhidas.
"A juíza tem que conseguir ver nessas imagens como é que os refugiados entraram lá. Não foi o meu marido que os meteu no camião", insiste a mulher do camionista, revelando que este, entretanto, foi transferido da cadeia de Amfissa para Atenas.
A família, natural de Celorico de Basto, está confiante que a ordem de libertação chegue nos próximos dias.
Audiência com Marcelo
Lúcia Moura conta também que o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai recebê-la na próxima quarta-feira, em Lisboa. "Não vou lá só para me dar dois beijinhos. Se o meu marido ainda não tiver sido libertado, espero que seja para me ajudar. Ele tem poder para isso", acredita.
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Luís Marques decidiu aceitar a proposta do patrão para transportar uma carga de garrafas de gás para a Grécia, tendo saído de Portugal, em direção àquele país, no dia 3 de janeiro. Chegaria ao destino dia 6, depois de uma viagem de "ferryboat" a partir de Itália. Entregou a encomenda ao cliente e, em Antenas, voltou a fazer nova carga do camião - desta vez de peúgas -, por indicação da empresa.
O pesadelo começaria numa sexta-feira, dia 8 de janeiro, um dia depois do camionista chegar ao Porto de Patras, para seguir para Itália, onde teria de descarregar a mercadoria, antes de voltar a casa. "Ele disse-me que, às três da manhã, ouviu um barulho, saiu do camião e viu um cabo do reboque rebentado e três pessoas a fugir. Nunca se apercebeu de que estavam indivíduos lá dentro, por causa da carga", atestou Lúcia Moura, ao JN, quando a história se tornou pública.
A mulher explicou que os imigrantes ilegais, três do Afeganistão e um do Irão, foram descobertos pelas autoridades no domingo de tarde, dia 10, quando o camião já estava na fila para o barco.
"O meu marido continua aterrorizado e os meus meninos pequenos só choram", lamenta Lúcia Moura, mãe de cinco filhos, dois deles menores de idade.