Algumas testemunhas e vítimas do processo em que o advogado portuense Paulo Topa é suspeito de liderar um esquema de desvio milionário de património de insolventes têm vindo a ser ameaçadas por “capangas”. A PJ do Porto tem a convicção de que foram contratados pelo arguido, detido na sexta-feira.
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O advogado foi, este sábado, levado ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, mas as medidas de coação ainda não foram divulgadas.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, várias testemunhas foram abordadas por pessoas estranhas, que lhes falavam do processo de Paulo Topa, pedindo para alterar depoimentos ou para não apresentarem queixas. Também os carros das mesmas pessoas foram alvo de danos. O mesmo advogado, que fora proibido de exercer funções após a sua primeira detenção, em abril, também é suspeito de continuar a trabalhar de forma encapotada, além de cometer crimes.
Por haver indícios de perturbação de inquérito e continuação da atividade criminosa, os inspetores da luta contra a corrupção da PJ do Porto detiveram Paulo Topa, para que um magistrado aplicasse novas medidas de coação.
Em abril, o advogado e três administradores judiciais foram detidos por suspeitas de integrar um esquema de desvio de património de empresas e particulares insolventes. Paulo Topa era contratado como mandatário dos insolventes ou dos credores. Depois, contaria com a cumplicidade dos administradores judiciais para manipular os processos e encobrir falsos créditos. As falsas dívidas seriam reconhecidas como válidas, lesando os verdadeiros credores e o Estado. Assim esvaziariam a massa insolvente e apropriar-se-iam de bens móveis ou imóveis. A investigação calcula o prejuízo dos credores em cerca de 10 milhões.
O advogado Paulo Topa, que será o cérebro do esquema em curso pelo menos desde 2016, controlaria cerca de 50 empresas, com a exclusiva função de servirem de testas de ferro, para desviar património.