A Mensagens e Sinfonias, Lda, empresa de Elvas que detinha a agência de viagens AlenTravel e foi declarada insolvente em 31 de outubro de 2023, acumulou dívidas de 1.007.899 euros.
Corpo do artigo
Segundo o relatório do administrador de insolvência Nuno Albuquerque, de Braga, a que o JN teve acesso, o Juízo Local Cível do Tribunal de Elvas admitiu 114 pedidos de créditos. Entre eles está o do Fundo de Garantia de Viagens e Turismo (FGVT), que reclama 404 355 euros, o montante que já adiantou a clientes lesados, que pagaram viagens canceladas pela agência AlenTravel.
No rol dos lesados estão duas Associações de Reformados Pensionistas e Idosos, uma da Buraca (Amadora) e outra de Arrentela (Setúbal), que reclamam mais de 16 mil euros, por viagens ao estrangeiro não efetuadas, e o Clube do Pessoal da EDP do Porto, que pretende reaver mais de 38 mil euros por serviços prestados à agência.
Há também pessoas individuais de Norte a Sul do país, sendo que, em Elvas, um dos lesados é um antigo presidente da Junta de Freguesia da Assunção, com quem a ex-gerente da AlenTravel, Classire Bajanca, trabalhou na autarquia. Aquele lesado pagou por uma viagem com a esposa à Madeira, mas a mesma não se realizou.
No relatório de insolvência, o administrador Nuno Albuquerque, propôs “o encerramento definitivo do estabelecimento e a liquidação do ativo”, tendo a Autoridade Tributária e a Segurança Social sido já notificadas.
À data da insolvência, a conta bancária da empresa tinha um saldo negativo. O único bem localizado foi automóvel Audi Avant TDI, a que foi atribuído o valor de 11 mil euros. A gerente foi nomeada sua fiel depositária. Face a este cenário, os credores dificilmente receberão alguma verba da insolvência.
O caso veio a público quando, no dia 15 de outubro de 2023, o JN revelou que centenas de clientes acusavam a agência AlenTravel e a sua gerente de terem pago por viagens que tinham sido canceladas. Onze dias depois, a Mensagens e Sinfonias, Lda, apresentou o pedido de insolvência.
As viagens eram marcadas através de angariadores espalhados por todo o país, que recebiam o dinheiro dos clientes, que depois canalizavam para a promotora, a AlenTravel.
Tudo começou quando Margarida Lopes, residente em Mértola, apresentou queixa nos portais do Turismo de Portugal e da Polícia Judiciária e tornou conhecido o esquema de pagamento de viagens em grupo, que depois eram desmarcadas, mas cujo dinheiro nunca foi devolvido aos clientes.