PSP reforçou patrulhamento na rede de autocarros, num serviço extra pago pela empresa. Grupo de trabalho, com Câmara do Porto, autoridades e funcionários, está a estudar soluções.
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Os casos de agressões a motoristas da STCP continuam e nem a luz do dia impede que o fenómeno se propague. A própria empresa está a pagar à PSP serviços extra de patrulhamento, para garantir o reforço da segurança. Também foi criado um grupo de trabalho, que integra a Câmara, Comissão de Trabalhadores, STCP e PSP, para discutir a matéria.
Um dos mais recentes casos de agressão registou-se há pouco mais de uma semana. Numa das viagens da linha 903, entre a Boavista, no Porto, e Vilar do Paraíso, em Gaia, um motorista foi agredido a soco por ter recusado a entrada a um passageiro que o tinha insultado e pontapeado o autocarro. Era meio-dia.
De acordo com os sindicatos, os episódios, que são "recorrentes", deveriam ser considerados crime semipúblico. Um mecanismo que, garantem, protegeria os trabalhadores. Apontam as linhas 400 e 401 como as mais complicadas, principalmente nas zonas do Cerco e do Lagarteiro, no Porto. Questionada pelo JN sobre a matéria, a STCP não respondeu em tempo útil.
Por sua vez, a Câmara do Porto, que lidera a estrutura acionista da empresa, afirma que os episódios de insegurança são "excecionais" e que "a rede é extremamente segura". A Autarquia diz ainda que está "a ser realizado um apurado trabalho de caracterização destes fenómenos, designadamente em termos de horário e da sua localização, de modo a permitir identificar um padrão". O trabalho conta com a PSP, a Direção Municipal de Transportes e Polícia Municipal, a Comissão de Trabalhadores e a própria STCP. A primeira reunião realizou-se em junho.
Jorge Costa, presidente do Sindicato Nacional de Motoristas, relata as "diversas denúncias e reclamações" feitas à empresa e à Câmara do Porto. Afirma que até foram "tomadas iniciativas em conjunto com as associações de moradores" dos bairros. O sindicalista admite que, em algumas áreas, "as coisas têm melhorado".
REFORÇO POLICIAL
A PSP diz não conseguir saber quantos motoristas já foram agredidos este ano, mas confirma o reforço de patrulhamento na linha 400 em determinados horários, sendo este um serviço extra pago pela STCP. Se necessário, os agentes acompanham as viagens dentro dos autocarros, acrescenta.
Mas com episódios um pouco por toda a rede, foi a um motorista da linha 903, há cerca de dez dias, que o azar bateu à porta. Ao descer a Rua de Júlio Dinis, por não ter parado numa paragem onde já estava um passageiro à espera - a paragem daquela linha é a seguinte -, foi agredido com um soco que lhe partiu os óculos. Ainda dentro do veículo, foi à porta do autocarro dizer ao rapaz que não podia entrar e foi agredido pelo indivíduo, que tinha pontapeado o autocarro e proferido insultos na paragem acima, relata o condutor, sob anonimato.
Sem querer detalhar o que está a ser feito, uma vez que "ao serem tornadas públicas estas medidas perdem eficácia", o coordenador da Comissão de Trabalhadores, Mário Ramos, admite que "o tempo em si não é suficiente para analisar se está a ser eficaz ou não". Entre as diligências está o acompanhamento de equipas de fiscalização pela PSP, viajando ou não nos autocarros.
