Está em curso uma nova campanha criminosa de burlas por via das redes de comunicações, utilizando o método conhecido como "olá mãe, olá pai". O alerta vem do Gabinete de Cibercrime da Polícia Judiciária que recomenda que se ignorem este tipo de mensagens.
Corpo do artigo
Este esquema, que tinha já surgido com grande intensidade em Portugal no outono do ano passado, voltou agora a ressurgir, nota a PJ. Os responsáveis são grupos criminosos profissionais e organizados que procuram enganar pessoas mais crédulas e menos atentas, utilizando métodos insistentes de convencimento e persuasão.
O esquema principal passa pelo envio massivo de mensagens escritas onde os criminosos se fazem passar por filhos dos destinatários e, de seguida, lhes pedem ajuda e que façam pagamentos a terceiros, descreve o comunicado do Gabinete de Cibercrime publicado ontem, quarta-feira.
O contacto é feito geralmente através de mensagens remetidas de forma indiscriminada e massiva para inúmeros destinatários, geralmente através da aplicação WhatsApp com recurso a números de chamada ocultos ou cartões telefónicos pré-pagos.
A primeira abordagem às vítimas é feita "com o propósito de as convencer de que são seus filhos e perderam, ou danificaram o respetivo telefone, estando por isso a utilizar um número novo, provisório ou emprestado", descreve a PJ. Caso obtenham uma resposta e percebam que a vítima caiu no ardil, os criminosos prosseguem com o diálogo e explicam que precisam que os pais lhes façam um pagamento, por exemplo para comprar um telefone novo, ou uma transferência bancária urgente, sem adiantar o motivo.
Os valores pedidos variam conforme os diversos grupos criminosos envolvidos. Muitas vezes rondam as poucas centenas de euros, mas, nesta recente campanha, já foram identificados casos na ordem dos três mil euros.
Também os meios de pagamento variam, podendo ser através de referência multibanco ou de um IBAN no caso de transferência bancária. "No primeiro caso, em regra, os criminosos obtêm referências Multibanco emitidas por entidades estrangeiras, com sede na União Europeia e por isso autorização para intermediar pagamentos em Portugal. No segundo caso, os criminosos recorrem aos serviços das chamadas "money mules", cúmplices que "emprestam" a sua conta bancária para receber as quantias em causa, as quais logo de seguida transferem para uma outra conta, ficando com uma pequena comissão".
Nos casos investigados pela PJ, foram identificadas referências bancárias de vários países da União Europeia (Bélgica, Lituânia, entre outros), mas também contas de "money mules" em bancos portugueses.
O Gabinete de Cibercrime recomenda que se "avaliem cautelosamente" as mensagens recebidas. Caso suspeitem ser uma tentativa de burla, não se deve responder às mesmas, "devendo antes tais mensagens ser comunicadas ao Ministério Público ou aos órgãos de polícia criminal. Para lá disso, mensagens deste tipo devem ser ignoradas, sem se lhe dar qualquer sequência."