O jovem de 17 anos que em 5 de junho do ano passado agrediu com um ferro um professor da Escola Básica 2,3 de Lagares, em Felgueiras, confessou esta terça-feira o crime e pediu desculpas à vítima, de quem diz que “era amigo”. As desculpas foram seladas com um abraço em plena sala de audiências.
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No arranque do julgamento, no Tribunal de Penafiel, por um crime de homicídio qualificado na forma tentada, o jovem confessou que, na manhã daquele dia, durante uma aula de ensino especial ministrada por Hélder Sousa, baixou as calças a um colega autista “na brincadeira e sem maldade”.
Perante o sucedido e após o docente lhe ter comunicado de que ia apanhar uma falta disciplinar, o arguido diz que teve “medo” da reação do pai e que, por isso, se muniu de um ferro e agrediu aquele na cabeça, Mas negou a intenção de o matar. “Não sei o que me passou pela cabeça, dava-me bem com ele, era boa pessoa para mim”, referiu.
"Desabafava muito comigo"
O jovem, que se encontra com vigilância eletrónica, enviou uma carta ao professor, a pedir desculpa pelo sucedido, após a agressão. Já no tribunal, quis fazê-lo novamente. “Estou muito arrependido. Quero pedir pessoalmente perdão ao professor. Se pudesse, dava-lhe [ao professor] um abraço”, referiu o jovem. O abraço acabou por ser dado, com autorização do tribunal, depois de o professor prestar depoimento, com o jovem a chorar. “Sei que não tinha intenção de me matar”, declarou.
Antes, o professor, que teve o arguido como aluno durante um ano e meio, reconheceu que este tinha um “défice cognitivo de aprendizagem significativo”. Além disso, apresentava um “comportamento irregular” e alguma “agressividade” quando era chamado à atenção. Contudo, garantiu o professor, nunca concretizou nenhuma ameaça, nem mesmo verbal, e mantinham uma relação de amizade. “Desabafava muito comigo, não era só uma relação de professor e aluno”, referiu. “Por impulsividade, tentou-me magoar, mas não era capaz de me matar”.
Nas alegações finais, o Ministério Público e a advogada da vítima pediram a condenação do arguido. Já o advogado do arguido pediu que o mesmo não seja condenado pelo crime de homicídio qualificado na forma tentada, mas sim por um crime de ofensas corporais. Pediu ainda que lhe seja aplicada uma pena suspensa de “dois ou três anos”, já que não ficou provada a intenção de matar e o jovem confessou o crime, tendo ainda pedido perdão pelo que fez.
Arguido vai ser pai
O jovem arguido disse ao Tribunal que quer arranjar trabalho e refazer a sua vida, pois a companheira, uma jovem de 18 anos, está grávida de 24 semanas.
A vítima deduziu um pedido de indemnização civil de dois mil euros. “É um valor meramente simbólico pois não quero onerar este jovem”, referiu.