Reclusos obrigados a permanecer 23 horas diárias na cela em protesto desde o passado domingo.
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Três reclusos são obrigados a permanecer na cela 23 horas por dia, desde que começou o julgamento relacionado com o tráfico de droga e de telemóveis na cadeia de Paços de Ferreira. Os serviços prisionais justificam a medida com a necessidade de evitar que estes três arguidos ameacem e influenciem testemunhas, também encarceradas, do processo. Contudo, os presos/arguidos iniciaram, no último domingo, uma greve de fome para contestar a falta de liberdade no interior da prisão.
Desde o início do caso, que envolveu a detenção e a acusação de cinco guardas prisionais, que foram implementadas diversas medidas para garantir a segurança de reclusos e familiares dispostos a denunciar o esquema de tráfico de droga e de telemóveis que vigorou ao longo de anos na cadeia de Paços de Ferreira. Presos foram transferidos para evitar contactos com os líderes dos grupos criminosos, a identidade de testemunhas foi ocultada e, já durante o julgamento, vários depoimentos foram feitos só após todos os arguidos abandonarem a sala de audiências.
Outra medida, implementada desde 17 de fevereiro, passou por manter três dos arguidos encarcerados 23 horas por dia, em celas da cadeia do Vale do Sousa. Estes vão ao pátio uma hora diária E quando todos os restantes presos já recolheram aos seus aposentos.
A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais "informa que está legalmente obrigada ao dever de reserva relativamente à situação jurídico-penal e prisional das pessoas postas à sua guarda e não partilha publicamente aspetos relativos à afetação e regime de reclusos, nem respeitantes a aspetos de segurança".
O JN apurou, no entanto, que o encarceramento prolongado destes reclusos tem o intuito de evitar ameaças que possam levar a que testemunhas alterem o seu depoimento perante o coletivo de juízes .
Guardas acusados
No julgamento que está a decorrer no pavilhão anexo à cadeia, cinco guardas prisionais estão acusados de tráfico de estupefacientes e corrupção. Dois deles eram chefes e recebiam dinheiro para introduzir droga na prisão.
Morte encomendada
Um recluso confessou ter recebido, de outros presos, 400 gramas de canábis e a promessa de cinco mil euros para assassinar um guarda prisional, que apreendeu 800 gramas de haxixe. O Ministério Público arquivou a denúncia por falta de provas