Idoso que assassinou Bruno Candé proferiu insultos racistas e planeou crime. Efetuou cinco disparos, quatro dos quais já com a vítima no chão.
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Evaristo Marinho assassinou Bruno Candé "determinado não só pela discussão" ocorrida entre ambos, "mas também pela cor e origem étnica" do ator atingido a tiro, no dia 25 de julho do ano passado, na Avenida de Moscavide, em Loures. A tese é defendida pelo Ministério Público de Loures, que acusou o ex-combatente na Guerra Colonial, de 76 anos, de ter andado três dias com uma pistola no bolso para matar Bruno Candé.
No despacho de acusação a que o JN teve acesso, o procurador sustenta que o septuagenário "agiu determinado por razões vãs, em concreto por se encontrar desagradado com a discussão" com Bruno Candé.
O Ministério Público alega ainda que Evaristo Marinho atuou de "forma falsa, traiçoeira", impedindo o ator de "se aperceber da sua atuação e de se defender". O idoso, que proferiu vários insultos racistas a Bruno Candé, está, deste modo, acusado do crime de homicídio, agravado pelo facto de ter sido motivado por ódio racial ou gerado pela cor, origem étnica ou nacional da vítima.
"Violei a tua mãe"
Os indícios recolhidos pela investigação permitiram ao Ministério Público concluir que tudo começou em 22 de julho, dia em que Evaristo Marinho enxutou com a bengala a cadela de Bruno Candé. Em plena Avenida de Moscavide, os dois homens envolveram-se, então, numa troca de insultos. "Vai para o c..", disse o actor. "Fui à c... da tua mãe e à daquelas pretas todas! Aqueles merdas! Eu violei lá a tua mãe! E o teu pai também!", reagiu o idoso. Evaristo Marinho ainda tentou agredir com a bengala o opositor, enquanto o apelidava de "preto de merda" e prometia matá-lo.
Os dois homens foram separados por um transeunte, mas Evaristo Marinho não esqueceu o episódio. Passou a andar com uma pistola no bolso e passou três dias a percorrer a Avenida de Moscavide com a esperança de reencontrar Bruno Candé e matá-lo. Pelas 13.20 horas do dia 25, o idoso avistou o ator sentado no muro de um canteiro, retirou a Walter PP que tinha comprado há mais de 20 anos, empunhou-a e disparou um primeiro tiro em direção a Bruno Candé. Este caiu de imediato, mas Evaristo Marinho não ficou satisfeito. Aproximou-se da vítima e efetuou mais quatro disparos. Todos atingiram o corpo do ator, que morreu no local.