O advogado Aníbal Pinto, acusado de tentativa de extorsão juntamente com Rui Pinto, disse esta terça-feira ter "vaidade e orgulho" na forma como desempenha a profissão. À saída do tribunal, em Lisboa, o advogado afirmou ter "a certeza" de que Rui Pinto não lhe contou tudo o que sabia, afastando ainda responsabilidades quanto às intenções do seu antigo cliente em receber pagamentos da Doyen numa offshore.
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Aníbal Pinto lembrou que teve dúvidas sobre a legalidade das movimentações de Rui Pinto e que optou por deixar de ser intermediário do "hacker" nas negociações com a Doyen: "Quando os advogados se apercebem de que pode haver alguma coisa de ilegal, que foi o que eu me percebi, têm de fazer aquilo que o estatuto da Ordem dos Advogados e a lei lhes impõe, que é afastarem-se. Foi o que fiz", argumentou.
Questionado sobre se acha que Rui Pinto o usou, Aníbal Pinto respondeu com ironia, dizendo que "os clientes usam sempre os advogados". No entanto, afirmou ter "a certeza" de que o "hacker" não lhe contou tudo o que sabia. Para tentar extorquir a Doyen? "Não sei o que é que o Rui Pinto queria. A mim disse-me que queria ser contratado" pela empresa, garantiu.
Sobre a intenção de Rui Pinto receber o pagamento da Doyen numa offshore, Aníbal Pinto considerou que essa é "uma opção de um cliente", acrescentando que "não estava mandatado" para o aconselhar.
Só não perdoa o advogado da Doyen
"Há uma coisa que eu disse ao tribunal e que é importante", disse Aníbal Pinto à saída do Campus de Justiça, em Lisboa: "Os advogados não têm de achar que é normal ou que não é normal, têm de saber se é legal ou se não é legal. O que é legal, tem o apoio dos advogados; o que não for legal, não tem".
O advogado garantiu ter "única e exclusivamente" negociado uma proposta de prestação de serviços com a Doyen, enquanto representante de Rui Pinto, rejeitando ter participado em qualquer tentativa de extorsão ao fundo de investimento. À data dos factos, "o dr. Pedro Henriques [advogado da Doyen] respondeu-me aceitando a minha proposta", reforçou.
Aníbal Pinto disse ter sido vítima de uma "armadilha" por parte de Pedro Henriques no dia em que ambos se reuniram na estação de serviço de serviço de Oeiras. O encontro, que contou também com a presença de Nélio Lucas, da Doyen, foi monitorizado pela Polícia Judiciária.
"A única coisa que não aceito de maneira nenhuma, e nunca vou aceitar, é um advogado armadilhar e enganar outro advogado. Eu fui absolutamente leal com o dr. Pedro Henriques e, se ele tivesse sido leal comigo, eu hoje não estava aqui", concluiu o arguido.