Antiga freira absolvida de desvio de dinheiro e bens avaliados em 359 mil euros
O Tribunal de Bragança absolveu, esta terça-feira, a antiga freira da Fundação Cónego Manuel Joaquim Ochôa, em Cerejais, Alfândega da Fé. Estava acusada de dois crimes de abuso de confiança e um crime de furto qualificado pelo alegado desvio de 359 mil euros em dinheiro e bens do Centro Social e Paroquial da aldeia.
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O coletivo de juízes que julgou caso considerou que a freira era “testa de ferro” e titular de algumas contas do padre Ochôa, fundador daquela IPSS, que os vários movimentos entre contas “eram sincronizados pelo sacerdote”, e que as transferências de dinheiro foram feitas “por pessoa não determinada”.
Para o tribunal não ficou provado que Idalina Jacinta tivesse beneficiado com as transferências e os movimentos bancários.
Idalina Jacinta estava acusada pelo Ministério Público de desviar dinheiro resultado dos pagamentos dos utentes do lar de idosos da IPSS e de donativos que os peregrinos deixavam no santuário, e o restante em bens, tudo propriedade do Centro Social e Paroquial de Cerejais. Os desvios foram confirmados em julgamento por uma técnica da Segurança Social que realizou a auditoria às contas da instituição, “através do cruzamento de documentos e de depósitos bancários”, porém o tribunal não deu como provado que a ex-freira fosse a responsável pelas transações.
A advogada da IPSS, Fátima Pimparel, ainda vai analisar o acórdão, mas em sua opinião “há matéria para recurso”, sublinhando que a decisão cabe ao conselho de administração do centro social.
A arguida já havia devolvido há uns anos ao centro paroquial vários bens no valor de 40 mil euros ao centro social.
Idalina Jacinta atualmente com cerca de 80 anos, foi para os Cerejais em 1985, vestiu o hábito durante 42, chegou a ser madre superiora, mas acabou por ser expulsa em simultâneo com outra freira, Deolinda Serra, que foram afastadas da congregação na sequência de um processo eclesiástico, cujo desfecho ditou que as religiosas fossem desconsagradas.
A arguida, sendo tida como muito próxima do fundador do Santuário dos Cerejais, Manuel Ochoa, entretanto falecido, não assistiu ao julgamento, que teve início em dezembro de 2022, porque o tribunal aceitou um requerimento da defesa onde se solicitava que não acompanhasse as sessões “tendo em conta a idade avançada da arguida”.