Ministério Público diz que o arguido geria processos de concessão de crédito, no Santander de Beja, e se conluiou com 17 clientes.
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Um antigo bancário do Santander Totta em Beja foi acusado, pelo Ministério Público (MP) da cidade alentejana, de ter desviado quase 1,4 milhões de euros da instituição financeira, em coautoria material com outros 17 arguidos. A acusação sobre o alegado desfalque, revelado pelo JN em 2016, tinha o arguido 37 anos, vai ser sujeita a instrução a partir do dia 25 deste mês.
Sérgio Páscoa aproveitou-se das suas funções de gestor de empresas, na agência do Santander em Beja, para "interferir no tratamento informático de dados do banco, para conseguir a concessão de créditos e o pagamento de quantias, obtendo um enriquecimento ilícito e um prejuízo económico à instituição", justifica a acusação.
Esta sustenta que, entre 7 de novembro de 2014 e 10 de fevereiro de 2016, o arguido "criou e geriu processos de concessão de crédito em que eram assinadas livranças, realizados contratos de conta corrente e assinados cheques em branco, que causaram um prejuízo patrimonial de 1.397.000 euros".
Cuidados para evitar alertas
"Para contornar o sistema informático do banco e a supervisão central, o arguido não ultrapassou os limites de crédito do balcão e não realizava transferências superiores a 2500 euros, a fim de evitar as "reds flags (alertas)", diz o MP.
Sérgio Páscoa "contava com a colaboração de conhecidos e amigos que, por sua vez, contactaram outras pessoas para colaborarem no plano e em troca de contrapartidas financeiras", assinala também a magistrada que deduziu a acusação em julho último.
A procuradora imputou a Sérgio Páscoa 38 crimes (21 deles em autoria e 17 em coautoria com os restantes arguidos) de burla qualificada, falsificação de documentos e falsificação informática. Os outros 17 arguidos estão acusados de um crime de burla informática e outro de falsificação de documento, cada um. Foram uma espécie de "barrigas de aluguer", emprestando os seus nomes e empresas em processos de obtenção de crédito suspeitos.
Duas empresas e quatro pessoas arguidas, entre estas Sérgio Páscoa, requereram a instrução, para tentar evitar o julgamento. Quando, em maio de 2016, o escândalo rebentou e o suspeito se demitiu, fonte do Santander confirmou que tinham sido "detetadas irregularidades, praticadas por um colaborador no balcão de Beja", acrescentando que, pelos dados até então apurados, não tinha sido lesado "qualquer cliente".