António Vitorino terá recebido 325 mil euros de ex-embaixador suspeito de corrupção

António Vitorino
António Vitorino, o atual diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), terá recebido 325 mil euros de um antigo embaixador espanhol, investigado em Espanha num caso de corrupção que terá lesado a petrolífera estatal venezuelana em milhões de euros. O ex-ministro da Defesa já negou qualquer ilegalidade.
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A notícia foi avançada pelo jornal espanhol "OK Diário", onde se pode ler que a Unidade de Delinquência Económica e Fiscal (UDEF) de Espanha suspeita que os pagamentos foram feitos no âmbito de um acordo envolvendo a construção por parte da Galp de quatro parques eólicos na Venezuela e também a compra por parte da petrolífera portuguesa de combustível à PDVSA, empresa estatal venezuelana. Raúl Morodo e o filho Alejo, que detém um gabinete de advogados, terão efetuado esses pagamentos para a empresa portuguesa Ebau Consultores LDA, com sede em Lisboa, e que era detida por António Vitorino e a sua mulher.
Nos relatórios enviados ao juiz Santiago Pedraz da Audiência Nacional, a UDEF "indica que estes pagamentos poderiam ter sido realizados pelo facto de tanto os Morodos como o socialista Vitorino terem mediado a conclusão de um negócio, pelo qual a empresa portuguesa Galp se comprometia a construir quatro parques eólicos na Venezuela e a comprar petróleo bruto da petroleira PDVSA".
Fonte da Audiência Nacional, tribunal que trata, entre outros, dos delitos mais graves de corrupção contra o Estado espanhol, disse que o caso ainda está na fase inicial de inquérito/instrução, não podendo ser prestadas informações sobre o andamento das várias diligências em curso.
No entanto, a justiça espanhola tem suspeitas de que cerca de 4,4 milhões de euros que o ex-embaixador faturou à petrolífera venezuelana não correspondem a serviços de assessoria jurídica, mas sim a comissões ocultas pelas influências políticas que os envolvidos exerceram para que se concretizasse o negócio entre a Galp e a PDVSA. Este acordo terá sido assinado entre Hugo Chaves e José Sócrates.
Segundo o "OK Diário", Alejo Morodo também recebeu (entre 2008 e 2013) através de sociedades que detinha vários pagamentos da Galp que somam mais de 150 mil euros. "Uma quantia insignificante em comparação com os 4,4 milhões de euros que ele recebeu, através da Suíça e do Panamá, da companhia petrolífera PDVSA controlada por Hugo Chávez, que manteve uma estreita amizade pessoal com seu pai, embaixador Raúl Morodo", escreve o jornal.
Em momento algum esses serviços de consultadoria tiveram qualquer relação com a Venezuela
Em 21 de janeiro, em resposta a uma notícia do jornal "El Mundo" sobre o mesmo caso, António Vitorino afirmou que "em momento algum" recebeu das autoridades espanholas qualquer indicação sobre uma investigação que envolvesse uma empresa de consultadoria de que foi sócio-gerente "e que se encontra suspensa e sem qualquer atividade desde 2018".
O socialista explicou, numa declaração divulgada pela OIM, que a empresa em causa "prestou serviços de consultadoria ao escritório de advogados espanhol referido naquela notícia exclusivamente sobre matérias relacionadas com a União Europeia e as relações bilaterais entre Portugal e Espanha".
"Em momento algum esses serviços de consultadoria tiveram qualquer relação com a Venezuela" e "refuto veementemente as insinuações que têm vindo a ser feitas a este respeito", sublinhou Vitorino.
