Os árbitros de andebol Ivan Caçador e Roberto Martins testemunharam, esta terça-feira, no Tribunal de Leiria, que Paulo Silva, um dos arguidos do processo Cashball, os tentou corromper para beneficiarem o Sporting nos jogos. Os outros arguidos, João Gonçalves e Gonçalo Rodrigues, não quiseram prestar declarações.
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Roberto Martins, de Pombal, contou que foi contactado por Paulo Silva telefonicamente, em 2017 ou 2018, a pretexto de pretender ocupar um espaço nas Festas do Bodo, pois tinha uma empresa de automóveis. Contudo, no decurso de uma conversa presencial, o responsável pelas festas de Pombal constatou que o objetivo do encontro era falar sobre a necessidade de a equipa do Sporting vencer. "Percebi que não era nenhum investidor e delicadamente despedi-me, pelo que não me chegou a propor nada."
Ivan Caçador, da Marinha Grande, disse que Paulo Silva também lhe telefonou, em 2017, e se identificou como jornalista de "A Bola". O encontro foi marcado num café no Louriçal, antes da partida entre Sporting e F.C. Porto. "Abordou-me porque não queria que os prejudicássemos e que, a favorecer alguém, que fosse o Sporting", recordou Caçador. No entanto, garantiu que "não falaram em dinheiro". "Disse-lhe que tinha vergonha de ser abordado pelo Sporting e que tinha sido o único clube que o tinha feito."
Agiu a mando de alguém
Ausente por "motivos de doença", Paulo Silva prestará declarações na próxima sessão, a 4 de julho. À saída do tribunal, o seu advogado, Carlos Macanjo, contestou a forma como o processo foi conduzido. A começar pela investigação, que acusou de ter ficado "muito aquém do que era necessário fazer".
"Estranho não ver aqui o F. C. Porto representado como assistente, sendo certo que é das entidades mais prejudicadas neste processo", observou Carlos Macanjo. Além disso, disse que "faltarão certamente algumas pessoas no banco dos réus". "O Paulo foi contactado para ter estas abordagens", sublinhou. Questionado sobre por quem, disse que "ele é que terá de responder".
O Ministério Público pede a condenação de Paulo Silva por três crimes de corrupção ativa, dois dos quais na forma agravada, enquanto João Gonçalves e Gonçalo Rodrigues são acusados de um crime de corrupção ativa cada um.