Arguido recorre de condenação por tráfico de pessoas e auxílio à emigração ilegal
Um dos arguidos no processo relativo a crimes de tráfico de pessoas e auxílio à emigração ilegal, que envolveu o Clube Desportivo “Os Nazarenos”, vai recorrer da sentença que o condenou, esta quinta-feira, a seis anos de prisão. A garantia foi dada à comunicação social pela advogada Maísa Consentino.
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“Vou recorrer da sentença para o Tribunal da Relação e vou conseguir baixar a pena de certeza absoluta”, afirmou a advogada de Anderson Cristão, ex-jogador do clube de futebol brasileiro Corinthians, condenado por ter tentado "obter proventos económicos através do aliciamento de jogadores de futebol" brasileiros e peruanos.
Maísa Consentino explicou que Anderson Cristão teve um contrato de trabalho com “Os Nazarenos”, como coordenador desportivo, funções pelas quais "recebeu dois salários dos dois meses que trabalhou”. Negou, por isso, que tivesse praticado os crimes pelos quais foi condenado.
“Ele [Anderson Cristão] nunca foi empresário, nem tem qualquer empresa aberta com o sr. Mauriti [condenado à mesma pena de prisão]”, afirmou a advogada. “E houve jogadores da cidade dele que ele ajudou, sem ganhar nenhum valor. Muito pelo contrário”, acrescentou. “Tenho bastantes argumentos para recorrer.”
Clube e presidente absolvidos
O Tribunal de Leiria absolveu o Clube Desportivo “Os Nazarenos” e o presidente, João Zarro, dos crimes de tráfico de pessoas e auxílio à emigração ilegal de que foram acusados pelo Ministério Público.
O presidente e o clube foram acusados de, juntamente com dois “empresários”, terem delineado um plano para "obter proventos económicos através do aliciamento de jogadores de futebol". Mas os juízes entenderam não ter sido produzida prova quanto à culpabilidade.
O Ministério Público contabilizou 17 atletas, mas os crimes apenas foram dados como provados para 13 futebolistas. Mauriti Cardoso nunca compareceu em tribunal e foi condenado à revelia.
Entre março e abril de 2018, os dois “empresários” terão abordado jogadores no Brasil e Peru “prometendo-lhes boas condições de trabalho, de alojamento, de alimentação”, assim como o tratamento das questões logísticas da transferência internacional e a legalização em Portugal.
Anderson Cristão e Mauriti Cardoso ter-se-ão comprometido também a conseguir a “assinatura de um contrato de trabalho e um bom salário, com a promessa de uma transferência para outros clubes de maior importância a nível nacional e internacional”.
Porém, as condições prometidas não eram cumpridas e uma operação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras permitiu revelar as más condições em que os atletas viviam e foram trazidos para Portugal.