Grupo de seis arguidos usou tecnologia de ponta para roubar 220 mil euros em carros. Imóvel discreto na Maia era usado como esconderijo.
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Eram especialistas no furto de carros por encomenda. Equipados com tecnologia de ponta para iludir os sistemas de segurança dos veículos mais modernos, o grupo, composto por seis elementos, conseguiu apoderar-se de 220 mil euros em carros, em pouco mais de dez meses. Os automóveis, a maioria topo de gama, eram depois desmantelados num discreto armazém da Maia. Os arguidos estão a ser julgados no Tribunal de Braga. Dois estão presos, a cumprir pena à ordem de outros processos.
São dois homens da Trofa, um de Vizela, outros de Ermesinde e da Maia, e o último de Braga. Respondem em tribunal por furtos, falsificação de documentos, e recetação por suspeitas de terem furtado nove veículos, em 2017.
O primeiro caso descrito na acusação envolve todos os arguidos, à exceção do proprietário de uma empresa de compra e venda de peças de São Romão do Coronado, na Trofa, onde terão sido vendidas partes dos automóveis furtados. Em fevereiro de 2017, cinco dos arguidos foram à cidade de Braga, onde se apoderaram, sem danificar a viatura, de um Citroën Cactus, avaliado em 20 mil euros. A acusação do Ministério Público (MP) garante que o carro foi levado para o armazém de Folgosa, na Maia, onde foi desmantelado.
Aparelho capta sinal da chave
Na Póvoa de Varzim, o grupo tinha localizado um BMW 320 e utilizou um aparelho altamente sofisticado para roubar carros sem o uso de chave. Este tipo de sistema capta o sinal da chave original para iludir o sistema de segurança do veículo.
"Com o uso de um aparelho eletrónico de descodificação de módulo centralina e sem causar quaisquer danos, os arguidos lograram abrir o veículo e colocá-lo em funcionamento, abandonando, de seguida, o local, na sua posse", descreve o MP. Levaram o veículo, avaliado em 18 mil euros, para o mesmo armazém da Maia.
Mas os indivíduos não se limitavam ao uso de tecnologia para furtar carros. Em março de 2017, foram ao Stand Pinto e Sousa, em Ermesinde, onde estroncaram a fechadura do portão do estabelecimento para chegar ao escritório. Lá, destruíram a central de alarme e encontraram uma pasta onde o proprietário guardava as chaves de dois Audi (A3 e A4), um Citroën DS e um BMW X3, avaliados em mais de 80 mil euros. Também foram desmantelados no armazém da Maia.
O mais proveitoso dos furtos descritos na acusação foi cometido em Chaves. Segundo o MP, um dos arguidos e outras pessoas que nunca foram identificadas pela investigação entraram num bloco habitacional e levaram três veículos. Ao que tudo indica com recurso ao aparelho de ligação à centralina, furtaram três Mercedes topo de gama. Estes nunca foram recuperados.
O grupo suspeito foi desmantelado pela PSP em julho de 2017, quando foram realizadas buscas e detenções.
Pormenores
Arquivamento
As autoridades suspeitaram que os arguidos eram responsáveis pelo furto, em Gaia, de um BMW. Não foi reunida prova cabal de que os arguidos eram os responsáveis.
Silêncio
Dos seis arguidos acusados de furto e recetação, apenas um aceitou falar aos juízes do Tribunal de Braga para negar os crimes. Os outros mantiveram-se em silêncio.
Matrículas falsas
Quando furtavam veículos na via pública, os arguidos levavam matrículas falsas que colocavam nos carros antes de os levar.