O que disse o ex-presidente do Banco Espírito Santos, um ano depois do Banco de Portugal ter decidido dividir o BES entre Novo Banco e o "bad bank".
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Ricardo Salgado está desde sexta-feira em prisão domiciliária com vigilância policial. Constituido arguido no âmbito da investigação "Universo Espírito Santo", o ex-presidente do BES foi indiciado por factos suscetíveis de integrarem os crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, falsificação informática, branqueamento, fraude fiscal qualificada e corrupção no setor privado, segundo a Procuradoria-Geral da Repúlica.
"Quando o tempo e o contexto permitirem uma análise objetiva e serena do que precipitou a queda abruta do valor do BES e a consequente intervenção do Estado [o dr. Ricardo Salgado] pronunciar-se-á sobre o que, na sua perspetiva, provocou esta crise e o seu desfecho."
Ricardo Salgado, ex-presidente do BES
04-08-2014
"Vou lutar pela honra e dignidade, minha e da minha família."
Diário Económico, 14-08-2014
"Não sou o pivô (dessa crise). Cada um (da família) respondia por uma atividade de negócio. O [José Maria] Ricciardi pela presidência do BESI, o Manuel Fernando (Espírito Santo) pela holding Rioforte, e por ai vai."
Folha de São Paulo, 17-08-2014
"Estou no meio do olho do furacão porque sou um banqueiro à frente de uma instituição de quase 150 anos."
Folha de São Paulo, 17-08-2014
"Nunca dei instruções a ninguém para ocultar passivos do grupo [BES]."
09-12-2014
"Durante semanas e meses a fio eu e a minha família fomos julgados na praça pública."
09-12-2014
"O leopardo quando morre deixa a sua pele. E um homem quando morre deixa a sua reputação."
09-12-2014
"Nunca fui, nunca pensei ser o dono disto tudo. Foi uma designação para me prejudicar."
09-12-2014
"Se [José Maria Ricciardi] fez alguma denúncia ao Banco de Portugal, é capaz de ter tido alguma contrapartida."
09-12-2014
"Assumi ser meu dever prevenir, mais uma vez, as entidades regulatórias e políticas para os riscos sistémicos, designadamente ao nível do sector financeiro."
Carta enviada à comissão de inquérito à gestão do BEs e do GES sobre os encontros tidos com responsáveis políticos em 2014
Lusa, 29-01-2015
"[Só com o seu contraditório é que] se chegará, finalmente, à descoberta da verdade sobre as razões que levaram ao desaparecimento do BES, não baseadas em pré-juízos ou conclusões pré-determinadas."
05-03-2015
"É verdadeiramente inadmissível que uma parte interessada, o Banco de Portugal, ande a revelar, gota a gota, elementos para que haja um julgamento (sobre mim)."
19-03-2015
"A mim é como darem-me uma facada chamarem ao BES o banco mau."
19-03-2015
"Não vou dizer que não tenho nada que ver com nada. Seguramente, não terei tudo que ver com tudo."
19-03-2015
"O dinheiro não foi para os bolsos dos acionistas, entre os quais se encontrava a família Espírito Santo. Mas o dinheiro não desapareceu. (...) O relatório elaborado pela KPMG sobre a Espírito Santo International demonstra que não houve qualquer desvio de fundos."
19-03-2015
"Sobre pedir desculpa, gostava de recordar um poeta português muito importante, Fernando Pessoa. Pedir desculpa é pior do que não ter razão. E espero vir a tê-la quando for julgado nos tribunais."
19-03-2015
"Apesar de todos os erros que possa ter cometido ao longo de uma vida de trabalho, de uma coisa tenho a certeza: nunca, em momento algum, tive intenção de prejudicar os interesses do BES, dos seus clientes, colaboradores e acionistas."
19-03-2015
"O Estado português estava falido, o GES ajudou e muito. O GES ajudou vários grupos privados portugueses. O ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar agradeceu-me duas vezes por chamadas telefónicas o apoio que o GES estava a dar ao país."
19-03-2015
"Como é notório, o Banco de Portugal não reúne condições de imparcialidade e isenção para fazer qualquer julgamento sobre o caso BES."
23-05-2015
"O Banco de Portugal agiu, neste caso, como uma espécie de COPCON dos tempos modernos, declarando tóxico um apelido e tudo mais que lhe apeteceu, apagando das fachadas dos prédios uma marca com mais de 140 anos de existência."
Em contestação ao primeiro processo de contraordenação do Banco de Portugal
16-07-2015
"O que se passou só não levantou mais ondas de escândalo perante aqueles que deveriam defender a democracia e o Estado de Direito, porque estava em causa o nome "Espírito Santo". Porque, numa visão populista, estavam em causa os tais ricos e poderosos. Tal como no PREC de 1975..."