A ASAE apreendeu, esta semana, cerca de 10 toneladas de borrego e cabrito fresco, num armazém que serve de base à cadeia de supermercados Pingo Doce, em Vila do Conde.
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Em causa, estão suspeitas sobre a origem da carne que foi encaminhada para destruição, após uma inspeção da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). A cadeia Jerónimo Martins confirmou a apreensão, mas garante que a carne, proveniente da Grécia, estava em perfeitas condições de consumo e que foi apreendida apenas por a marca de salubridade não estar bem visível. Os produtos com a mesma origem estão a ser retirados dos supermercados por ordem das autoridades. Ao todo, haverá cerca de 21 toneladas e a ASAE vai manter-se hoje no terreno para fiscalizar.
Foi uma inspeção de rotina da ASAE, em Coimbra, que detetou num grossista diversos borregos e cabritos sem o carimbo de rastreabilidade da carne. Como os borregos provinham de uma base logística da cadeia de supermercados situada em Vila do Conde, também foi lá realizada uma inspeção. A diligência detetou toneladas de carne importadas da Grécia sem a marcação obrigatória com a origem do matadouro. A Lei obriga este tipo de produtos a ostentar o selo com a origem e o local de abate para poder assegurar a rastreabilidade das carnes. Cerca de dez toneladas de borrego foram assim apreendidas.
"Foi ainda, no momento, determinado pela DGAV que o operador económico procedesse à retirada do mercado de um valor estimado de 21 toneladas de carne que entretanto haviam sido distribuídas por mais de 270 lojas, mantendo-se a ASAE no terreno, no dia de hoje [sexta] e amanhã [sábado], a realizar ações de fiscalização", explicou a ASAE, questionada pelo JN.
Marca "pouco visível"
Fonte do Pingo Doce garantiu que a apreensão se deve "unicamente ao facto de a marca de salubridade - uma marca de tinta que é colocada no matadouro por um veterinário certificado - estar pouco visível", afirmando que "pelas características desta marca, que reforçamos tratar-se de uma tinta, é relativamente comum que perca leitura durante o transporte, que neste caso provinha da Grécia".
A cadeia de supermercados também assegurou ter apresentado "toda a documentação, incluindo a emitida pelo veterinário do matadouro em questão, na Grécia, que atesta a existência destas marcas" e atira-se às autoridades: "A ASAE optou por ignorar a documentação apresentada, impedindo assim que esta carne, característica do período de Natal, como bem sabemos, seja comercializada".
O Pingo doce sublinha tratar-se de carne que está em perfeitas condições de consumo, "conforme devidamente atestado pela documentação que a acompanha e que a ASAE não considerou".
Considerou ainda ser "chocante em qualquer tempo, e especialmente naquele que atravessamos, que a ASAE entenda destinar à destruição toneladas de carne, sendo assim responsável pelo consequente desperdício alimentar". O Pingo Doce garante estar indignado e "a lutar com todos os meios para que este processo seja revertido, uma vez que consideramos que não assiste fundamento substantivo à ASAE", disse a mesma fonte.