O Tribunal de Lisboa começou a julgar Vicente Fernandes, ativista do Movimento Greve Climática Estudantil, por danificar o vestuário de Luís Montenegro, de uma fotógrafa do CDS e de um agente da PSP quando atirou tinta verde ao então líder da Aliança Democrática na FIL, em Lisboa, em fevereiro.
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O arguido, estudante universitário de 19 anos, está acusado de três crimes de dano, que causaram prejuízos de 2650 euros às pessoas atingidas pela tinta. O agora primeiro-ministro sofreu danos de 1750 euros, valor que exige ao arguido pelo fato Hugo Boss manchado, e vai testemunhar em tribunal por escrito.
Vicente Fernandes, o arguido, defende-se da acusação do Ministério Público referindo que a tinta utilizada "foi escolhida por ser super lavável, ecológica e à base de água para não estragar a roupa". "A minha intenção não era danificar o vestuário do candidato da AD e de outros, mas fazer passar ao maior número de pessoas, pelo mediatismo desta ação, a emergência climática e a falta de políticas ambientais para a travar", argumentou.
"Montenegro defende a indústria fóssil"
De acordo com a acusação do MP, no dia 28 de fevereiro, pelas 11.50 horas, na FIL, durante uma ação de campanha da Aliança Democrática, o arguido atirou tinta a Montenegro e atingiu uma fotógrafa do CDS e um agente da PSP, trajado à civil. Quando manietado, o arguido disse "Montenegro defende a indústria fóssil".
O arguido, em tribunal, disse lamentar os prejuízos causados, estar ciente das consequências legais dos atos e recusa repeti-los. "O meu papel foi cumprido no sentido de sensibilizar a população para a crise climática". A juíza perguntou se "de facto acredita que foi essa mensagem que passou à opinião pública, e não apenas a de que o candidato foi atingido com tinta", ao que o arguido respondeu estar convencido de que foi a sua mensagem que passou.
Vicente Fernandes garantiu que não queria atingir a fotógrafa que estava junto a Montenegro e que o agente da PSP foi atingido quando o manietou. Estes exigem o pagamento de 450 euros, cada um, pelos danos na roupa.
O arguido também defende que quis provocar o mínimo dano ao vestuário de Montenegro e por isso atirou por trás. "Foi diluída água na tinta para minimizar os danos e antes de a usar li a ficha técnica e vi que a roupa atingida podia ser lavada. Os meus ténis foram atingidos pela tinta, lavei-os uns dias depois e a tinta desapareceu".
Hugo Leite, agente da PSP que manietou o ativista e que ficou com a roupa manchada com tinta desmente que a tinta fosse lavável, visto que "a roupa ainda está manchada e no chão da FIL ainda há marcas de tinta".
O comissário da PSP estava à civil e disse ter seguido os movimentos do grupo ativista que reconheceu quando Luís Montenegro chegou à FIL. "Tudo aconteceu em 30 segundos, quando segui esta pessoa não vi que tinha uma lata de tinta que logo atirou ao candidato da AD. Tirei o suspeito dali, porque os ânimos ficaram bastante exaltados e foi aí que o meu vestuário ficou manchado. Até hoje tem as manchas", diz Hugo Leite, desmentindo assim o arguido.