Manifestantes dizem ter sido vítimas de violência racista e xenófoba, ameaças de morte e pontapés. Confrontos físicos aconteceram esta sexta-feira à tarde, junto à estátua de D. Dinis, na Universidade de Coimbra, onde decorria uma manifestação pacífica.
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Um grupo de turistas, oriundo de Israel, que estava de visita à Universidade de Coimbra, na tarde desta sexta-feira, envolveu-se num episódio de agressões com ativistas, entre os quais estudantes, que se encontravam a manifestar-se em defesa da Palestina, junto à estátua de D. Dinis. A situação, que ocorreu cerca das 15.30 horas, obrigou à intervenção da PSP.
À semelhança do que tem acontecido desde o dia 3, membros do coletivo “Coimbra pela Palestina” reuniram-se para uma assentada “pelo fim do genocídio”, expondo mensagens de solidariedade, reivindicações e símbolos palestinianos, assim como fotografias sobre o que está a acontecer na Faixa de Gaza.
“As ativistas foram abordadas por um grupo, de cerca de 30 pessoas, com guia turístico. Ao aproximarem-se, passaram por cima e cuspiram nos materiais pró-Palestina expostos, além de tentarem roubar várias bandeiras palestinianas da exposição do coletivo, chegando a partir e a rasgar uma delas”, descreveu o “Coimbra pela Palestina”, num comunicado enviado ao JN.
“Fascista” e “macaca”
De acordo com o relato dos envolvidos, a situação escalou quando as manifestantes tentaram reaver as bandeiras, “pedindo pacificamente que saíssem daquele espaço”. Aí, os turistas “intimidaram violentamente uma das ativistas, que é uma mulher racializada, chamando-lhe ‘fascista’, ‘macaca’, dizendo que voltasse para África e ainda a ameaçaram de morte”.
A tensão do confronto viria, entretanto, a aumentar, com mais pessoas do grupo turístico a “pontapear e a ameaçar de morte outras pessoas da iniciativa pró-Palestina”, lê-se no mesmo comunicado.
As pessoas que estavam nas imediações, apercebendo-se da situação, chamaram a PSP de Coimbra, que se deslocou ao local com dois carros patrulha e quatro agentes. Ao JN, na noite desta sexta-feira, fonte oficial da PSP confirmou que o episódio envolveu “ofensas verbais e contacto físico de empurrões, dos quais não resultaram ferimentos”.
De acordo com a mesma fonte, foram identificados como alegados agressores quatro dos turistas, com idades compreendidas entre os 70 e os 74 anos, e como ofendidas duas manifestantes, de 18 e de 31 anos. A PSP diz que os suspeitos de agressão são de origem israelita, mas o “Coimbra pela Palestina” esclarece que “são pessoas russas residentes em Israel”.
Numa nota de repúdio entretanto divulgada, o coletivo frisa o seu “profundo repúdio e intolerância (...) contra toda a repressão que se impoõe sobre as vozes pró-Palestina no Mundo”.