As autoridades que realizaram, esta quinta-feira, buscas na residência do ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, apreenderam tacos de golf, cerca de 200 garrafas de vinho verde e da região do Douro, além de mesas de "flippers" e uma peça de barro. Os mandados de busca, passados no âmbito do processo das rendas excessivas da EDP, previam a apreensão de elevado valor.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) realizou nesta quinta-feira buscas à residência do antigo ministro da Economia Manuel Pinho, na zona de Braga, onde está sujeito a prisão domiciliária.
As autoridades levaram ainda bens que tinham sido apreendidos em fevereiro, aquando das últimas buscas na mesma residência. Manuel Pinho tinha sido nomeado fiel depositário das mesmas mas o Ministério Público decidiu agora levá-las.
Pelo que apuramos, polícias e militares da GNR que realizaram as buscas supervisionadas por um magistrado no MP estavam munidos de um madado que previa a apreensão de bens de elevado valor, como por exemplo relógios. Acabaram por levar perto de duas centenas de garrafas de vinho considerado corrente. Entre elas há vinho verde, do Douro e alguns espanhóis. Também foram apreendidos os tacos de golf, os flippers e uma peça em barro.
Também foi copiado o conteúdo do disco rígido do computador do antigo ministro de José Sócrates. As buscas terminaram cerca das 18h30.
Estas buscas foram realizadas no dia em que veio a público a promoção de um novo arresto da pensão de Manuel Pinho, de cerca de 26 mil euros mensais. Esta reforma já tinha sido apreendida no âmbito deste processo, mas foi devolvida ao arguido, após uma decisão do Tribunal da Relação de Lisboa, em meados de outubro. Os desembargadores entenderam que a reforma não era um produto dos crimes imputados a Manuel Pinho. Porém, o MP decidiu voltar a pedir a apreensão da reforma, que foi aceite pelo juiz de instrução criminal Carlos Alexandre.
Manuel Pinho foi detido em dezembro do ano passado, após se ter apresentado a um interrogatório no DCIAP, em Lisboa, por suspeitas de corrupção, participação económica em negócio e branqueamento de capitais do caso das "rendas excessivas" da EDP. Foi-lhe aplicada a medida de coação de prisão domiciliária que está a cumprir.
No mesmo processo, António Mexia e Manso Neto, ex-dirigentes da EDP, são suspeitos de crimes de corrupção e participação económica em negócio no caso dos custos para a manutenção do equilíbrio contratual em que terão, segundo o MP, corrompido o ex-ministro da Economia Manuel Pinho e Artur Trindade, ex-secretário de Estado da Energia. Terão possibilitado a produção de legislação que permitiu à EDP receber 1,2 mil milhões em rendas de eletricidade, em exploração de barragens e no aumento do valor de referência de energia.
Manuel Pinho também é suspeito de ter sido corrompido pelo extinto Banco Espírito Santo.