A justiça francesa, com a qual Rui Pinto está a colaborar numa investigação de crimes económico-financeiros, no âmbito do Football Leaks, deverá mandar a Portugal magistrados para continuar a obter informações do pirata informático, que vai ser entregue às autoridades portuguesas na próxima semana.
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São os procuradores do Parquet National Financier, o equivalente ao Ministério Público (MP) português, especializado em investigações de crimes de colarinho branco, que deverão deslocar-se ao nosso país para ouvir Rui Pinto. Questionada pelo JN, fonte oficial do organismo francês adiantou que "as autoridades portuguesas foram associadas a uma reunião sobre o caso Football Leaks, no quadro do Eurojust, a 19 de fevereiro" e que, no mesmo sentido, "continuarão associadas para que a cooperação de Rui Pinto na investigação iniciada em França continue", adiantou o procurador-adjunto, Jean-Yves Lourgouilloux.
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A mesma fonte explicou ainda que deverá ser acionado o mecanismo de decisão europeia de investigação (DEI), que consiste numa decisão judicial proferida ou validada por autoridades judiciais de um país da União Europeia (UE) tendo em vista a execução, noutro país do espaço comunitário, de medidas de investigação destinadas a recolher provas em matéria penal.
rui é Testemunha
"A justiça francesa poderá, caso seja julgado útil, juntar à DEI pedidos de deslocação a Portugal", disse ainda ao JN o procurador Jean-Yves Lourgouilloux, que precisou que Rui Pinto já foi ouvido em França, na qualidade de testemunha, sem precisar se beneficiava de algum estatuto especial, designadamente de proteção.
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Anteontem, um tribunal de segunda instância de Budapeste, onde Rui Pinto foi detido ao abrigo de um mandado europeu emitido por Portugal, recusou um recurso do pirata, que queria evitar a extradição.
Rui Pinto chegará na próxima semana a Lisboa, onde será interrogado no Tribunal Central de Instrução Criminal pelas suspeitas de crimes informáticos e tentativa de extorsão ao fundo Doyen, de investimento ligado ao futebol.
O gaiense, de 30 anos, deverá também ser formalmente ouvido no âmbito do inquérito ao roubo dos e-mails do Benfica, já que também é suspeito nessa investigação e o mandado de detenção europeu foi alargado nesse sentido pelas autoridades portuguesas. Todo o material informático apreendido será analisado.