“Barão da Pasteleira” julgado por tráfico de droga, mas não por associação criminosa
O "Barão da Pasteleira" vai ser julgado por tráfico de droga. Juntamente com Fábio Ribeiro, de apelido "Crilim", outros 36 arguidos vão responder pelo mesmo crime. No entanto, ninguém chegará a tribunal acusado de associação criminosa.
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Nesta sexta-feira, o juiz Pedro Miguel Vieira, que presidiu ao debate instrutório realizado no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, concluiu que todos os detidos numa operação da PSP, de abril do ano passado, traficavam com o único objetivo de ganhar dinheiro para si próprios e não para enriquecer a rede "Pica-Pau/Picolé".
A acusação do Ministério Público garantia que Fábio "Crilim" era o líder incontestado e todo poderoso de uma organização que traficava grandes quantidades de droga no Bairro da Pasteleira Nova, no Porto. A estrutura criminosa, alegou a procuradora Isabel Cristina Madureira, era rigorosamente hierarquizada, trabalhava por turnos e os seus elementos tanto eram promovidos como despedidos em função do rendimento apresentado nas diferentes funções que executavam.
A venda de cocaína, heroína e haxixe começava, garantia a procuradora, a partir das 7 horas de cada dia e as bancas mantinham-se em funcionamento até às 23:45 horas. Às 15 horas, impreterivelmente, assistia-se a troca de turno, com os traficantes que asseguravam o negócio durante a manhã a darem lugar aos que permaneciam até ao fim da noite.
Suspeitos continuam na cadeia
Nesta sexta-feira, após seis arguidos terem requerido a abertura de instrução, o juiz de instrução criminal Pedro Miguel Vieira concluiu que há indícios suficientes para julgar o "Barão da Pasteleira" e os restantes 36 arguidos pelo crime de tráfico de droga de que foram acusados. Contudo, segundo o mesmo magistrado, não há como provar a associação criminosa entre muitos dos acusados e, por esse motivo, decidiu que ninguém responderá por este crime durante o julgamento, que ainda não tem data marcada.
Para justificar esta decisão, Pedro Miguel Vieira referiu que o objetivo de cada um dos arguidos com o tráfico era unicamente ganhar dinheiro para si próprio. A participação no esquema montado para a venda de droga não serviria, acrescentou, para enriquecer a rede "Pica-Pau/Picolé" e os seus líderes.
Apesar de promover esta alteração à acusação, o juiz manteve as medidas de coação impostas aos suspeitos, inclusive aos que estão em prisão preventiva. Fábio "Crilim" continuará na cadeia.