A primeira arguida a ser ouvida no âmbito da instrução da Operação Marquês chegou esta segunda-feira em silêncio, acompanhada do seu advogado, ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa. Bárbara Vara está acusada de dois crimes de branqueamento de capitais, em coautoria com outros seis arguidos, entre os quais o seu pai, Armando Vara.
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"Não vamos prestar quaisquer declarações", sublinhou, aos jornalistas, o advogado de Bárbara Vara, Rui Patrício, pelas 13.55 horas desta segunda-feira, poucos minutos de ter início a primeira sessão da instrução da Operação Marquês, agendada para as 14 horas. Esta fase, facultativa e requerida pelos arguidos, visa apurar se existem indícios suficientemente fortes para o processo seguir para julgamento e em que termos.
Além do representante da filha de Armando Vara, estão ainda presentes no "Ticão" os advogados de, entre outros arguidos, o antigo primeiro-ministro José Sócrates e de Ricardo Salgado, ex-presidente do Banco Espírito Santo. Apenas o representante deste último, Francisco Proença de Carvalho, falou à entrada, para reiterar a inocência do seu cliente e garantir que não se arrepende de não ter pedido a instrução do processo.
"Não perdi oportunidade nenhuma. Isto é uma fase facultativa e nós acompanharemos a instrução. A decisão da instrução também nos vai interessar: vamos ver qual será", sublinhou, sem deixar de expressar a sua convicção de que, "mais tarde ou mais cedo", a "absolvição" de Ricardo Salgado "vai acontecer".
Dos 28 arguidos da Operação Marquês, apenas 19 pediram a abertura da instrução, mas todos poderão ser afetados pela decisão que vier a ser tomada pelo juiz Ivo Rosa, escolhido por sorteio eletrónico para liderar esta fase. Para já, há sessões marcadas até ao final do mês de maio, sempre na última semana do mês. Só o debate instrutório e a leitura da decisão, que deverão acontecer apenas depois do verão, serão públicas. As restantes decorrem à porta fechada.
No total estão, em causa, 188 crimes de, entre outros, corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal.
O interrogatório acabou pelas 15.45 horas. Rui patrício falou à saída e disse que o interrogatório "foi fiel e seguiu" o requerimento de instrução.