Desrespeito pelas normas do Governo na época pascal do ano passado estão nas mãos do Ministério Público.
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No ano passado foram identificados pelo menos quatro casos de desrespeito pelas regras impostas pelo confinamento na Páscoa. Dois foram arquivados e os restantes foram parar ao Ministério Público.
Apesar de expressamente proibido, houve quem organizasse cerimónias do beijo da cruz em Famalicão, Vila Verde, Barcelos e Melgaço.
Quem desobedeceu pode vir a ser acusado do crime de propagação de doença contagiosa ou por desobediência e por ter desrespeitado as regras durante o estado de emergência, devido à pandemia da covid-19.
Os dois primeiros casos foram arquivados: uma família de sete pessoas em Vermoim, Famalicão, beijou a cruz e ainda chamou a vizinha para beber espumante, e, em Vila Verde, um lar em Freiriz improvisou um "beija cruz" para os utentes.
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Em Barcelos, numa rua de Martim, a cruz foi dada a beijar a várias pessoas por uma mulher que foi identificada pela GNR, bem como o homem que participou na promoção da iniciativa. A GNR entregou o caso ao Ministério Público e, segundo fonte judicial, está ainda em fase de investigação, o que significa que ainda não há acusação deduzida.
investigação
Lurdes Gonçalves, diretora de serviços do Centro Social de Paderne, em Melgaço, também continua sob investigação do MP, depois de ter dado a cruz a beijar a 17 utentes da instituição. Segundo fonte ligada ao processo, ainda corre a fase de inquérito, não existindo previsão quanto ao desfecho, que poderá passar por três possibilidades: "Arquivamento, acusação ou suspensão provisória". Ao JN, Lurdes Gonçalves confirmou que foi constituída arguida, mas que "não voltou a ser notificada".
A diretora de serviços foi a primeira arguida nos casos de beijos da cruz, que ocorreram em instituições durante a celebração da Páscoa do ano passado. Recorde-se que a cerimónia pascal no Centro Social de Paderne foi divulgada, na altura, pela própria instituição, nas redes sociais, com um vídeo, que mostrava a diretora a dar a cruz a beijar, num compasso improvisado, aos idosos um por um, desinfetando-a antes de a oferecer para ser beijada. A publicação gerou uma onda de críticas nas redes sociais e acabou por ser apagada.
* com Célia Domingues