O Benfica quer travar o acordo de colaboração em investigações selado entre o Ministério Público e Rui Pinto.
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Este acordo permitirá ao criador do "Football Leaks" beneficiar, em contrapartida, da suspensão provisória do processo referente às publicações no blogue "Mercado do Benfica", dos endereços de correio eletrónico das casas do Benfica. O caso está agora nas mãos do juiz Carlos Alexandre, que já tinha autorizado a suspensão do processo, em julho
De acordo com um requerimento remetido, há oito dias, ao Tribunal Central de Instrução Criminal, os três advogados do clube da Luz consideram que deveriam ter sido informados da proposta de acordo para poderem pronunciar-se sobre a suspensão provisória do processo de Rui Pinto.
Para João Medeiros, Paulo Saragoça da Matta e Rui Patrício, o inquérito em causa nasceu de uma outra investigação na qual o Benfica é assistente. Trata-se da queixa-crime contra o Porto Canal e o F. C. Porto, depois de o diretor de comunicação dos azuis e brancos ter iniciado a divulgação dos emails dos encarnados.
Este inquérito, em que os encarnados são assistentes, já levou o MP a acusar Francisco J. Marques, Júlio Magalhães e Diogo Faria de crimes de violação de correspondência, acesso indevido e devassa da vida privada.
Como o inquérito sobre as publicações no "Mercado do Benfica" foi extraído deste processo, os advogados entendem que o Benfica também deve assumir o papel de assistente.
Ora, aquando da elaboração do acordo com Rui Pinto, o procurador Carlos Casimiro escreveu, em despacho, que não havia assistentes a quem teria, por lei, de ser pedida a concordância com a suspensão provisória do processo.
"A divulgação de emails do SLB obtidos através de acessos indevidos nomeadamente os constantes do site mercadodebenfica.com em que se incluía a lista de trabalhadores do SLB, endereços electrónicos e palavras passe, foi subtraído à assistente [SLB] o seu legítimo direito de se manifestar quanto à possibilidade de suspensão provisória do processo, entretanto, proposta", argumenta o Benfica, no requerimento a que o JN teve acesso.
É de prever que, caso Carlos Alexandre negue a invalidade da suspensão do processo, os advogados irão recorrer para a Relação.
Cinco suspensões
As cinco suspensões provisórias de processo são relativas a intrusões na Presidência do Conselho de Ministros, no Ministério da Justiça, mas também ao Benfica e F. C. Porto.
Sem interferências
Estas suspensões provisórias não interferem nem com o atual processo em que Rui Pinto está a ser julgado, nem com outras investigações em curso, como a dos emails do SLB.