Soares Oliveira e Nuno Gaioso disseram à juíza que ex-assessor jurídico agiu sem conhecimento ou aval da administração.
Corpo do artigo
A Benfica SAD voltou, na segunda-feira, a reclamar, através de um dos seus advogados, inocência no caso e-Toupeira, no qual é suspeita de ter autorizado Paulo Gonçalves, à data seu assessor jurídico, a entregar bilhetes para jogos e camisolas do clube a dois funcionários judiciais - José Silva e Júlio Loureiro - como contrapartida pela obtenção de dados sigilosos de processos envolvendo os "encarnados" e os seus rivais. Paulo Gonçalves estará a assumir toda a responsabilidade no caso em que a SAD está acusada de 30 crimes, entre eles um de corrupção ativa.
"Envolvimento [da Benfica SAD no e-Toupeira] não há nenhum. É isso, aliás, que estamos aqui a procurar dar nota, porque, efetivamente, a Benfica SAD não teve qualquer intervenção no âmbito deste processo", afirmou aos jornalistas, à saída do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa, João Medeiros, advogado daquela entidade, representada na sala de audiências por dois dos seus dirigentes: Domingos Soares Oliveira e Nuno Gaioso.
"São, como sabem, os administradores que, desde o início, representaram a Benfica SAD no âmbito deste processo. Fazia todo o sentido que fossem estas pessoas a estar aqui hoje [ontem] perante o Tribunal", justificou o causídico, sublinhando que foram esclarecidas todas as questões colocadas.
No requerimento de abertura de instrução, aquela estrutura defendera já que a acusação do Ministério Público é infundada, uma vez que desconhecia os atos alegadamente praticados por Paulo Gonçalves.
Além da Benfica SAD, prestaram já declarações na instrução do e-Toupeira - uma fase facultativa que visa apurar se existem indícios para o processo seguir para julgamento - Paulo Gonçalves e Júlio Loureiro, também arguidos. José Silva, igualmente acusado, está ainda a ponderar se o irá fazer, depois de desistir da sua audição.
Hoje, prossegue a defesa da Benfica SAD, com a inquirição das testemunhas por si arroladas, entre as quais Pedro Proença, presidente da Liga Portuguesa de Futebol.
Para amanhã, está agendada uma inspeção às garagens do Estádio da Luz, onde terá decorrido a entrega de camisolas a pelo menos um dos funcionários judiciais. O debate instrutório decorre na segunda-feira, à porta aberta.
Só depois se saberá se os arguidos irão a julgamento e por que crimes. Para já, estão acusados dos crimes de corrupção, oferta ou recebimento indevido de vantagem, favorecimento pessoal, violação de segredo, acesso indevido, peculato e falsidade informática.
Ontem, João Medeiros admitiu a possibilidade de a Benfica SAD vir mesmo a sentar-se no banco dos réus, mas ressalvou que, se tal se confirmar, será defendida "com a muitíssima esperança de que será, naturalmente, absolvida".