Carlos Silvino, o antigo motorista da Casa Pia de Lisboa, saiu na manhã de ontem, sábado, da cadeia. Cumpriu 12 anos e meio de prisão dos 15 anos a que havia sido condenado por centenas de crimes de abuso sexual de crianças e lenocínio.
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Ao que o JN conseguiu apurar, "Bibi", atualmente com 65 anos, saiu do Estabelecimento Prisional da Carregueira, em Sintra, pelas 9 horas, disfarçado e acompanhado pelo seu advogado. Carlos Silvino cumpriu 5/6 da pena, o máximo possível por lei, e ficará agora em liberdade condicional. Irá para uma instituição de apoio social uma vez que a sua casa foi arrestada para o pagamento de indemnizações às vítimas da Casa Pia.
Em julgamento, "Bibi" admitiu que ao longo de 30 anos abusou e promoveu o abuso de inúmeros menores de idade acolhidos na Casa Pia de Lisboa. Com a sua libertação, já nenhum dos seis arguidos condenados a penas de prisão permanece na cadeia.
Escândalo rebentou em 2002
O escândalo Casa Pia rebentou em 2002 após vários antigos alunos terem revelado que foram violados repetidamente por funcionários e algumas figuras públicas. Seguiu-se uma investigação judicial que culminou na acusação de sete arguidos.
O julgamento iniciou-se em novembro de 2004 e arrastou-se vários anos nos tribunais. Em 2010, o coletivo de juízes liderado por Ana Peres condenou seis pessoas a penas de prisão efetivas: Carlos Silvino a 18 anos (pena depois reduzida para 15), o apresentador de televisão Carlos Cruz e o médico Ferreira Dinis a sete anos, o embaixador Jorge Ritto a seis anos e oito meses, o advogado Hugo Marçal a seis anos e dois meses e o antigo provedor Manuel Abrantes a cinco anos e nove meses. Gertrudes Nunes, dona de uma casa em Elvas, onde teriam ocorrido abusos sexuais foi absolvida.