A defesa do boliviano que ficou preso durante dois meses, na cadeia de Custóias, em Matosinhos, por viajar com 1,2 quilos de folha de coca está a "ponderar medidas de reação relativamente aos intervenientes do processo", entre os quais a juíza que decretou a prisão preventiva.
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Para o advogado Paulo Pimenta, foi uma "ligeireza brutal pôr uma pessoa na prisão", num quadro que o Tribunal da Relação do Porto (TRP) e o próprio Ministério Público consideraram, esta semana, injustificado.
O causídico defende que "a nacionalidade do detido e a proveniência do voo influenciou" a decisão judicial. No seu recurso, Paulo Pimenta alegou que "acabou por se impor um certo preconceito relativamente ao arguido, só porque é estrangeiro e só porque é de ascendência boliviana".
Ontem, em comunicado, a defesa do universitário de 19 anos frisou ainda que "é lamentável que, em 1.ª instância, a juíza de turno, a procuradora e a Polícia Judiciária, estando em causa a liberdade de um cidadão, se tenham bastado com a mera alusão às "folhas de coca" apreendidas para justificar uma prisão preventiva, quando tinham a obrigação de saber que, em si, "folhas de coca" não significam cocaína".
Tal como o JN revelou, o TRP ordenou a libertação de Fernando Lazo, detido, em julho deste ano, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. O jovem foi indiciado por tráfico de droga internacional, após terem sido detetados 1,2 quilos de folha de coca que seriam para fazer chá.