Brasileiros têm "fortes indícios" de que Lima branqueou dinheiro
As autoridades brasileiras acreditam que Rosalina Ribeiro foi levada para Maricá "para ser assassinada" e encontraram "fortes indícios" de que Duarte Lima poderia estara "branquear" cerca de seis milhões de euros sacados pela portuguesa de contas de Thomé Feteira.
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Estas duas conclusões foram invocadas, pelos delegados da Divisão de Homicídios do Rio de Janeiro responsáveis pela investigação do assassinato de Rosalina Ribeiro, na carta rogatória que enviaram para Portugal, visando a inquirição do advogado e ex-deputado do PSD como testemunha no inquérito.
Os delegados Felipe Renato Ettore e Edson Henrique Damasceno assinam a carta rogatória, que contém as 193 perguntas (ver algumas ao lado), a que Duarte Lima se recusou a responder no início deste mês. O advogado Germano Marques da Silva, que defende Lima, alegou a existência de erros formais na carta e exigiu ter acesso integral ao inquérito policial, em curso no Brasil, o que deverá acontecer hoje, mas apenas na parte que diz respeito a Domingos Duarte Lima.
No pedido de colaboração judiciária, a que o JN teve acesso, as autoridades brasileiras referem que Duarte Lima Lima foi, do que se sabe até ao momento, "a última pessoa a estar com a senhora Rosalina em vida". No documento é salientada a falta de "lógica" do que Lima contou sobre o seu encontro com Rosalina Ribeiro na noite de 7 de Dezembro de 2009, até ao momento em que a deixou, a 65 quilómetro de casa, em Maricá, minutos antes do seu brutal assassinato com dois tiros.
"A morte da senhora Rosalina ocorre no máximo duas a três dezenas de minutos após Domingos Duarte Lima a [Rosalina] ter deixado em Maricá, o que equivale ao tempo do percurso de carro do Hotel Jangada até ao local onde a senhora Rosalina foi executada", refere a carta, realçando a importância crucial do depoimento de Duarte Lima para a solução do caso.
"Depreende-se pois, pelo que afirma Domingos Duarte Lima, e em confronto com a versão de testemunhas de audio [os tiros que mataram Rosalina foram ouvidos por moradores], considerando-se os horários, que em última instância, a senhora Rosalina foi levada aquele local para ser assassinada", concluem os delegados.
As razões que justificam a inquirição as autoridades brasileiras juntam ainda a existência de "fortes indícios de que Domingos Duarte Lima poderia estar a lavar (branquear) valores sacados pela vítima, no montante de aproximadamente seis milhões de euros, de contas correntes do falecido Lúcio Thomé Feteira e que teriam sido posteriormente transferidos para contas de Domingos Duarte Lima".
Os brasileiros consideram pois que existem "várias dúvidas que apenas Domingos Duarte Lima pode esclarecer, principalmente quanto ao seu encontro com a senhora Rosalina". Por correio electrónico ou por telefone, as perguntas "ficaram sem respostas", porque "não se lembrava", porque "alegava estar sob sigilo profissional" ou "por não achá-las úteis para a investigação", dizem os delegados.