O ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho está indiciado por 98 crimes (ofensa à integridade física qualificada e ameaça agravada) e Nuno Mendes, conhecido por "Mustafá", líder da claque leonina, por 99, pois também é suspeito de tráfico de droga.
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Na acusação do Ministério Público (MP), que fundamentou a detenção de Bruno de Carvalho de "Mustafá", é referido que foi o ex-dirigente leonino, juntamente com o líder da "Juve Leo" e Bruno Jacinto, antigo Oficial de Ligação aos Adeptos, a determinar as agressões ocorridas, no dia 15 de maio, na Academia de Alcochete, de que foram vítimas jogadores e equipa técnica do Sporting.
O MP considera que Bruno de Carvalho criou um "clima de violência" nas semanas que antecederam o ataque, deixando os jogadores "em pânico" e provocando-lhes, sublinha a acusação, "receio pelas suas vidas". O ex-dirigente é, assim, tido como principal instigador dos acontecimentos.
De acordo com partes do despacho de acusação do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, a que a Lusa teve acesso, Bruno de Carvalho está acusado de 40 crimes de ameaça agravada, 19 de ofensa à integridade física qualificada, 38 de sequestro.
Os mesmos crimes são imputados a Nuno Mendes, conhecido como Mustafá e líder da claque Juventude Leonina, e Bruno Jacinto, que à data dos factos tinha as funções de oficial de ligação do Sporting aos adeptos, e que está em prisão preventiva desde 09 de outubro. Mustafá está também acusado de um crime de tráfico de droga.
De acordo com a acusação, referida pelo "Observador", no grupo do Whatsapp onde o ataque é discutido fala-se em irem "todos tapados" e prontos para bater. E é sublinhada uma conversa de Mustafá, alegadamente citando Bruno de Carvalho: "Façam o que quiserem aos jogadores".
No total, são imputados aos 44 arguidos deste processo 4441 crimes (ofensa à integridade física qualificada e ameaça agravada, este configurando o crime de terrorismo), sendo que Bruno de Carvalho, Nuno Mendes e Bruno Jacinto são considerados autores morais do ataque à Academia de Alcochete.
Justificando a acusação de terrorismo, a procurador Cândida Vilar diz que a associação dos adeptos "não será tão perigosa como uma organização terrorista de inspiração fundamentalista", mas escuda-se na lei, que lhe permite qualificar como tal um grupo de adeptos que "se proponha a esbofetear atletas para os intimidar".