Os seis suspeitos de burla no setor imobiliário detidos nos últimos dias no Algarve tinham adquirido 300 imóveis com financiamentos fraudulentos num valor global de cerca de 40 milhões de euros, revelou esta quinta-feira a PJ. Para garantir o financiamento usavam cidadãos brasileiros, a quem falsificavam os documentos.
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Os indivíduos, quatro homens e duas mulheres, com idades entre os 30 e os 43 anos, controlavam mais de 20 sociedades "através das quais foram adquiridos mais de 300 imóveis e contratados mais de duas centenas de financiamentos fraudulentos, num valor global na ordem dos 40 milhões de euros", segundo um comunicado da Polícia Judiciária (PJ).
De acordo com a Judiciária, em causa está a investigação de "um grupo organizado", com várias nacionalidades, residência no Algarve e com ligações à diáspora noutros países, que criaram em Portugal "uma organização económica no setor imobiliário, totalmente financiada de forma fraudulenta por créditos bancários".
Usavam, segundo apurou o JN, a identidade de cidadãos brasileiros (alguns, admite a Judiciária, conhecedores do esquema) e falsificavam os documentos pessoais necessários para a obtenção de empréstimos bancários e as procurações que lhes permitiam controlar o vasto património imobiliário conseguido com o esquema.
A PJ explica que a organização constituía sociedades de Direito Português, através das quais adquiriram centenas de imóveis, cujas propriedades, através de negócios simulados, transferiram de imediato para terceiros.
"Em nome desses, e com recurso a documentos falsos, contraíram créditos à habitação junto de instituições bancárias portuguesas, em quantias muito superiores ao da aquisição inicial dos bens, apropriando-se da diferença, além do produto resultante da exploração posterior dos imóveis como alojamento turístico e residencial", explica a PJ.
Segundo a PJ, foram realizadas sete buscas domiciliárias e duas a empresas, apreendidos dezenas de imóveis, 14 veículos, uma embarcação, equipamento informático e um elevado acervo documental probatório.
O DIAP de Évora referia, na quarta-feira, que tinham sido realizadas no dia anterior (terça-feira), diversas diligências de busca e apreensão no Algarve, nomeadamente em Albufeira, Carvoeiro (Lagoa), Portimão e Quarteira (Loulé).
De acordo com a PJ, os detidos irão agora ser ouvidos esta quinta-feira em primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação de medidas de coação.