"Burlão do amor" que roubou milhares de euros a duas mulheres começa a ser julgado
Começa na tarde desta segunda-feira a ser julgado, no Tribunal de Beja, o homem que ficou conhecido como "Burlão do amor" e depois como "Rambo de Mértola". O indivíduo assumia dupla personalidade para sacar dinheiro às vítimas, duas mulheres.
Corpo do artigo
Paulo Santos, de 56 anos, que está em prisão domiciliária, foi acusado pelo Ministério Público (MP) de Beja de sete crimes: dois de violência doméstica, um de burla informática, um abuso de confiança, um de falsificação de documento, um de tráfico de menor gravidade e um de detenção de arma proibida. O MP pede a perda de bens conseguidos pelo arguido e a arbitragem de indemnização às duas vítimas.
Sedutor, conversa fácil, sempre bem vestido, carros potentes, conversas de compromisso afetivo. Era assim que o "Burlão do amor" se apresentava às mulheres. Depois de ganhar a sua confiança, assumia postura ameaçadora, agressiva e muito violenta, que lhe valeu a alcunha de "Rambo de Mértola".
O arguido começava por cortejar as vítimas e depois convencia-as a mudarem-se para o Monte José das Neves, freguesia de Santa de Cambas, concelho de Mértola, com a promessa de ser o local onde iam "viver uma vida em comum".
Com esta postura, Paulo Santos - que foi detido por inspetores da Diretoria do Sul da Polícia Judiciária (PJ) a 5 de abril do ano passado, no âmbito da operação "Amores imperfeitos" - é definido como "detentor de uma personalidade extremamente violenta e manipuladora". Foi assim que enganou duas mulheres portuguesas, que lhe entregaram cerca de 170 mil euros em numerário e port transferências bancárias.
Na operação da PJ, que envolveu buscas domiciliárias num monte no concelho de Mértola e na habitação em São Pedro do Estoril, foram apreendidas duas armas de fogo e uma réplica, armas brancas, três cartas de condução falsas, três viaturas, duas delas da marca Jaguar, estupefacientes esteróides/anabolizantes e uma elevada quantia de dinheiro, toda em numerário.
"Roleta-russa" com revólver
Uma das mulheres viu o pior do arguido quando este a obrigou a fazer o jogo da "roleta-russa" com um revólver. Colocou uma munição na câmara, forçando a mulher a girar o tambor e a premir o gatinho com a arma apontada à cabeça. A arma não disparou, o homem retirou a munição do revólver e deu-a à ofendida, dizendo-lhe a seguinte frase: "Guarda a bala como recordação, como prova de não teres morrido". A vítima ficou sem 30 mil euros.
A primeira vítima de Paulo Santos foi uma mulher que vivia em Bayonne, França, desde 1982 e que, a partir de setembro de 2017, passou a manter um relacionamento amoroso com o arguido. Acreditando nas suas promessas, a vítima sofreu prejuízos de cerca de 140 mil euros, 55 mil dos quais destinados a "obras de reabilitação no monte" que nunca foram feitas.
Em abril de 2018, a mulher sofreu um dos maiores sustos da sua conturbada relação, quando recusou entregar mais dinheiro a Paulo Gonçalves Santos. O arguido deslocou-se a França e, vestindo uma farda militar, apresentou-se na residência da vítima, apontou-lhe uma pistola e disse-lhe que não sairia dali caso não lhe entregasse o dinheiro.