Anunciam ave para oferecer mas pedem centenas de euros para legalização e envio. Grupos abordados em todo o país.
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Yako, António, Arno, Appolo, Arnaud... O nome, tal como a foto, muda, mas os ingredientes do conto do vigário são sempre os mesmos: um papagaio da falecida mãe e um noivo com alergia a penas. É urgente encontrar um lar e uma nova família para a ave. Nas redes sociais, garante-se que é uma oferta, mas os mais incautos arriscam-se a gastar algumas centenas de euros e nunca chegar a ter a ave.
Conceição Oliveira sempre gostou de aves. No mês passado viu uma publicação no Facebook a oferecer um papagaio-cinzento e pensou que seria bom voltar a ter um em sua casa, em Espinho. Enviou uma mensagem à dona da ave, Mariana, supostamente de Ovar, a dizer que estava interessada.
150 euros para despesas
Mariana explicou que tinha ido morar com o namorado em Sevilha - a residência no estrangeiro costuma ser um elemento sempre presente nestas fraudes - e levou Yako, o papagaio que era da mãe, entretanto falecida. Porém, descobriu que o noivo tinha alergia a penas, por isso, agora tem de se desfazer da ave com urgência. A jovem explicava que pretendia dar Yako a uma família que tomasse bem conta dele. Conceição disse que já tinha tido um papagaio igual e que gostara muito da experiência. A dona respondeu que lhe dava o papagaio e que até tratava da mudança de nomes no registo. Mas tinha de o ir buscar a Sevilha já no dia seguinte.
Conceição explicou que não podia. Então, Mariana disse-lhe que conhecia uma transportadora de confiança que poderia levar a ave em segurança até sua casa. Ela comportaria o custo do registo mas Conceição tinha de pagar o transporte. Quanto era? Por 150 euros, no dia seguinte, a ave estaria em Espinho, respondeu Mariana.
Conceição já estava algo desconfiada, pois na semana anterior tinha visto a notícia de que várias aves exóticas tinha sido roubadas de uma loja de animais em Lourosa. Quando percebeu que lhe estavam a pedir dinheiro, decidiu contactar as autoridades. Foi à GNR e os militares validaram as suas suspeitas. Era tudo uma burla. Conceição ainda tentou voltar a entrar em contacto com Mariana, mas apenas encontrou silêncio. Pouco depois, a página foi apagada. Ficou só o registo das conversas e o alerta para outras potenciais vítimas.
A GNR tem recebido denúncias de pessoas abordadas pelos burlões e tem-lhes recomendado que façam chegar às autoridades as ligações ou informações sobre páginas e identidades usadas nas fraudes, antes que as mesmas sejam apagadas.
de norte a sul
Uma breve pesquisa do JN nas redes sociais, detetou textos similares com a oferta de um papagaio em dezenas de grupos e comunidades locais do Norte ao Sul do país. Por vezes, até a foto era a mesma. Noutras, o texto era o mesmo, mas o nome da ave e a foto eram diferentes. Sempre com os comentários desativados e a pedir contactos através de mensagem privada.
Sinais
Erros gramaticais
Os burlões são geralmente estrangeiros e recorrem a ferramentas automáticas de tradução como o Google Translate. Esteja atento a palavras mal escritas e erros gramaticais.
Comentários desativados
Para evitar serem denunciados, os burlões costumam desativar os comentários nas publicações.
Textos repetidos
Os burlões usam o mesmo texto e a mesma foto em vários grupos diferentes. Copie parte do texto e pesquise para ver se aparece em muitas publicações.