Vinte e um arguidos, investigados pela PJ, foram acusados pelo Ministério Público de associação criminosa, burla qualificada, branqueamento e falsificação de documento
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Durante três anos enviaram, em massa e para todo o Mundo, milhares de cartas, em que garantiam aos destinatários serem beneficiários de uma herança milionária. O “felizardo” apenas tinha de pagar umas supostas taxas para receber a fortuna. Mas o esquema conhecido como as “cartas da Nigéria” foi desmantelado no ano passado pela Polícia Judiciária (PJ) e o grupo de 21 arguidos foi agora acusado pelo Ministério Público (MP) de Lisboa de crimes de associação criminosa, burla, branqueamento, falsificação de documento e falsidade informática. Doze estão em prisão preventiva.
Os indivíduos, maioritariamente de nacionalidade nigeriana residentes em Espanha e em Portugal, eram organizados de tal forma que chegaram a enviar uma média de 300 cartas por dia para lançar o isco a potenciais vítimas. A investigação da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) apurou que o grupo enviou 355 752 envelopes, sem remetente e com destinatários residentes fora de Portugal e de Espanha, que continham no seu interior “cartas da Nigéria”. Para isso, investiram no esquema pelo menos 319 mil euros. Porém, como as vítimas eram todas residentes no estrangeiro, o lucro da atividade criminosa não foi apurado. Ainda assim, calcula-se que o grupo obteve pelo menos 442 mil euros.