Usurparam a identidade de um empresário milionário belga, radicado em Angola, mas que tem várias contas em Portugal. Na posse dos dados bancários da vítima, os burlões sacaram-lhe 160 mil euros até o banco travar novas transferências bancárias. A PJ desmantelou o grupo de nove pessoas. Uma delas foi presa na Bélgica.
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Em maio do ano passado, um cidadão belga, munido de documentos falsificado, apresentou-se num balcão de um banco de Lisboa como sendo o milionário radicado em África. Pediu para que fossem efetuadas diversas transferências bancárias, que o funcionário foi executando, até que o gestor de contas da vítima detetasse os movimentos e telefonasse ao cliente. Descoberta a burla, a instituição bancária mandou travar novas transferências e o falso milionário saiu do banco para regressar à Bélgica.
Nos últimos meses, a investigação da PJ conseguiu apurar existir uma organização profissional, com um núcleo duro de quatro pessoas, por detrás desta burla. Alguns conseguiram toda a informação bancária da vítima, outros trataram de contratar o criminoso belga para vir a Portugal e ainda houve quem fizesse circular o dinheiro por inúmeras contas bancárias para o branquear.
“Todos os detidos, entre os quais uma ex-bancária, agiram em coautoria nas várias fases do esquema, nomeadamente na angariação prévia das informações bancárias do cliente, no recrutamento dos vários elementos, na contrafação do documento de identificação usado, e ainda na concretização de diversas e sucessivas operações bancárias posteriores, destinadas a fracionar e a dissimular as vantagens do crime, e a distribuí-las entre todos”, explica a PJ, que apreendeu diversas contas bancárias e viaturas Mercedes, além de ter recuperado parte do dinheiro desviado.
O criminoso belga, que apenas passou 48 horas em Portugal, foi preso esta semana ao abrigo de um mandado de detenção europeu emitido por Portugal, que aguarda pela conclusão do processo de extradição.
A operação, batizada “Flandres”, versa sobre crimes de burla, branqueamento e falsificação, cometidos pelo cidadão belga e por quatro homens e cinco mulheres, com idades entre os 24 e os 64 anos, que vão esta sexta-feira serem submetidos ao primeiro interrogatório judicial.
Já esta tarde, João Oliveira, diretor da PJ para a região de Lisboa e Vale do Tejo, João Oliveira, disse que em causa está uma “investigação muito complexa”, referindo que os arguidos tinham sobretudo uma relação de amizade entre si.