As buscas na zona da Atalaia, em Lagos, no Algarve, pedidas pelas autoridades alemãs, no âmbito da investigação ao desaparecimento de Maddie McCann em 2007, terminaram esta quinta-feira à tarde.
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As buscas por vestígios de Madeleine McCann na zona da Atalaia, em Lagos, no Algarve, terminaram esta quinta-feira sem que nada de relevante tenha sido encontrado. As diligências aconteceram 18 anos depois do desaparecimento da criança inglesa, a 3 de maio de 2007, e foram pedidas pelas autoridades alemãs, por acreditarem que o corpo tivesse sido ali escondido por Christian Brueckner, suspeito do rapto e morte de Madeleine.
A zona da Atalaia foi considerada “de interesse” pela polícia alemã, depois de ter encontrado, numas buscas numa residência do suspeito, na Alemanha, fotografias que mostram uma autocaravana, que Brueckner conduzia na altura em que morou no Algarve, parada naquele local. Mas os esforços para encontrar vestígios que permitam avançar com uma acusação formal contra o alemão não tiveram sucesso.
A operação começou a ser preparada ao início na tarde de segunda-feira, altura em que a área definida para as buscas foi delimitada e instalado o “centro de operações” com tendas da Polícia Judiciária (PJ) e da Proteção Civil.
Trinta inspetores da PJ vasculharam ruínas, cisternas e poços
Depois, durante três dias, cerca de 30 inspetores da PJ e outros tantos elementos da Polícia alemã vasculharam edifícios em ruínas, cisternas e poços abandonados em terrenos, num total de quase 50 hectares, na zona da Atalaia, entre a praia da Luz, de onde Madeleine desapareceu, e a praia do Porto de Mós, em locais por onde Brueckner pode ter passado.
Nos trabalhos foram usados georradares (equipamentos que permitem identificar alterações no solo), máquinas roçadoras, retroescavadoras, pás e picaretas para limpar partes do terreno. Também foi utilizado um drone para ter uma vista mais abrangente do terreno. Foram recolhidos vários objetos, como ossos que serão de animais, para serem analisados pela Polícia alemã, mas, de acordo com o que o JN apurou, não têm ligação a este caso.
As diligências decorreram na sequência de uma Decisão Europeia de Investigação, emitida pelas autoridades alemãs, no âmbito da cooperação internacional, e aceites pelas autoridades portuguesas, sob a tutela do Ministério Público da Comarca de Faro.
Brueckner está preso na Alemanha por ter violado uma cidadã norte-americana na praia da Luz, dois anos antes do desaparecimento de Madeleine, mas poderá ser libertado nos próximos meses. Esta foi uma tentativa da Justiça alemã para travar a libertação. Apesar de afirmar estar convicta de que foi Brueckner que raptou e matou a criança, precisa de uma prova concreta, que ainda não obteve, para acusá-lo destes crimes.
Desaparecimento em 2007
Madeleine McCann tinha três anos quando desapareceu do apartamento onde passava férias com a família, no aldeamento Ocean Club, junto à praia da Luz, Terá sido deixada a dormir com dois irmãos gémeos, de dois anos, enquanto os pais jantavam num restaurante com um grupo de amigos, a cerca de 500 metros de distância.
Em 2020, a Polícia alemã apontou Christian Bruckner como suspeito. Na altura do desaparecimento, o homem no Algarve, perto do local de férias da família McCann. O sinal de um telemóvel em seu nome foi detetado nos arredores do aldeamento na noite de 3 maio de 2007.