Foi um cadastrado por crimes de extorsão, posse de arma ilegal e ameaças que a Polícia Judiciária (PJ) deteve, na Grande Lisboa, por suspeita de ter sido o autor da carta ameaçadora de morte, contendo uma bala, enviada ao presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Foi esta quarta-feira colocada em prisão preventiva na ala psiquiátrica no Hospital Prisional de Caxias.
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O homem, de 40 anos, antigo militar e funcionário da Segurança Social com distúrbios psicológicos, vai ser hoje levado ao Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa. Está indiciado por coação agravada, extorsão na forma tentada e de detenção de arma proibida.
A 26 de outubro do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa recebia, no Palácio de Belém, uma carta com uma bala, um pedido de um milhão de euros, um número de identificação bancária (NIB), um número de telemóvel e uma ameaça: se a transferência não for efetuada, irá ser alvejado com uma bala semelhante à do pacote.
O presidente estava fora do país quando a correspondência foi recebida. Mas os serviços da sua Casa Civil tiveram de remeter a correspondência para as autoridades por estar em causa um crime de coação sobre órgãos constitucionais.
O caso foi encaminhado para a Unidade Nacional Contra Terrorismo da PJ. De acordo com informações recolhidas pelo JN, o NIB indicado na carta não correspondia ao do suspeito, mas "uma aturada investigação por parte da Unidade Nacional Contra Terrorismo permitiu chegar à identificação do presumível autor da prática dos mencionados crimes, tendo nesta data sido realizada uma busca à residência deste, e a apreensão de vários elementos de prova", precisa a PJ. O JN sabe que foram apreendidos o computador e a impressora usados para escrever a carta.
Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter desvalorizado a ameaça de morte que lhe foi feita por carta há meses, considerando-a "sui generis" por conter número de telefone e conta bancária.
"Vim a saber mais tarde, mas não vi a carta, que pedia uma quantia avultada, que aliás eu não teria, um milhão de euros, e que dava um número de telefone e dava uma conta bancária. Depois, não acompanhei mais o processo, porque entendi que era uma forma de ameaça muito "sui generis", a pessoa identificar-se dizendo o que queria", explicou.
Extorsão e coação
O suspeito de extorsão e coação agravadas esteve preso vários anos e saiu da cadeia em 2021, após ter cumprido a pena. Foi condenado por vários crimes de posse ilegal de arma e ameaças.
Diretor da PJ confirma
Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária, disse ontem que o indivíduo já tinha sido anteriormente detido pela prática de crimes igualmente graves e já condenado.