Três homens e duas mulheres foram detidos no final de uma investigação da PSP, que durou cinco meses. Roubavam tabaco para vender a recetadores e moradores de bairros do Grande Porto
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Três cadastrados, que saíram recentemente da prisão, foram detidos pela autoria de 34 assaltos, nos últimos dez meses. Bombas de gasolina, cafés, pastelarias e papelarias, situadas nas autoestradas e em 16 localidades dos distritos de Aveiro, Braga, Porto e Viana do Castelo, foram os alvos de um grupo que furtava, sobretudo, tabaco para vender, através de duas mulheres também detidas, a recetadores e a moradores de bairros do Grande Porto. Uma operação da PSP permitiu, nesta terça-feira, apreender quase 20 mil euros em notas, provenientes da venda dos cigarros roubados e ainda centenas de raspadinhas.
Dois dos assaltantes, residentes no Porto, abandonaram a prisão de Custoias, em Matosinhos, onde cumpriram dez de 12 anos de uma pena por assaltos à mão armada, em maio do ano passado. Mas mantiveram-se inativos até dezembro, mês em que foi libertado um elemento do antigo Gangue do Valbom. Condenado a 17 anos de cadeia (cumpriu mais de 12) por roubos e tentativa de homicídio, este cadastrado esteve ainda envolvido, em 2008, num carjacking falhado, na Maia, a um inspetor da Polícia Judiciária, que acabou baleado e amputado de quatro dedos.
Privilegiavam locais junto a autoestrada
Já em liberdade, os três homens, com idades entre os 27 e os 43 anos, juntaram-se para regressar à vida criminosa. O primeiro assalto foi concretizado logo em janeiro deste ano e deu início a uma vaga de crimes que percorreu localidades como Mealhada, Cacia, Águeda, Oiã, Esmoriz e Espinho, mas também Cinfães, Paredes, Barcelos, Guimarães, Caminha e Viana do Castelo. Até à data da detenção, o gangue realizou assaltos ainda no Porto, Póvoa do Varzim e Vila do Conde.
Em todos os casos, o trio recorreu ao mesmo modus operandi. Começava por escolher meticulosamente o estabelecimento a assaltar, normalmente perto de uma autoestrada, e furtava uma carrinha (com uma bagageira capaz de transportar uma máquina de tabaco) da marca BMW, Mercedes ou Volkswagen, que lhes permitia circular a grande velocidade. E era sempre com rapidez que o grupo, durante a madrugada e já com as matrículas das viaturas trocadas, se dirigia a pastelarias, cafés e papelarias. Várias bombas de gasolina, localizadas nas autoestradas, também foram atacadas.
Para entrar nos estabelecimentos, os indivíduos usavam um de três métodos: arrombavam a porta com o próprio carro; prendiam cintas à viatura para arrancar a grade de proteção ou utilizavam marretas para partir a montra. Uma vez no interior dos espaços comerciais, o grupo arrastava, de imediato, a máquina de venda de tabaco até ao automóvel e, se tivesse tempo, furtava caixas de tabaco aquecido e raspadinhas. Na posse do material, fugia pela autoestrada até a um local ermo, previamente escolhido, para retirar os maços de cigarros da máquina. "Chegaram a fazer três assaltos numa só noite", afirmou o comissário da PSP João Soeima.
Agrediram comerciante e abalroaram carro da PSP
As diligências feitas, desde maio, pela Divisão de Investigação Criminal do Porto da Polícia permitiu descobrir que o tabaco furtado era vendido por duas mulheres, uma com 69 anos e mãe de um dos assaltantes, outra de 19 e namorada de outro dos criminosos, a recetadores e a moradores de bairros do Grande Porto, enquanto os prémios das raspadinhas eram levantados em espaços autorizados. Só na operação realizada nesta terça-feira, e que envolveu 15 buscas domiciliárias, a PSP apreendeu 19 900 euros em dinheiro (proveniente da venda do material furtado), 450 maços de tabaco e 492 raspadinhas. Foi ainda apreendida uma caçadeira ilegal, que o gangue usava para se proteger durante o assalto.
A arma nunca foi disparada nos roubos realizados, embora os assaltantes não hesitassem em recorrer à violência para conseguirem fugir. Em Gondomar, agrediram a murro o dono do café que, morando por cima do estabelecimento, tentou evitar o roubo da máquina do tabaco e, na Foz do Douro, no Porto, abalroaram um carro-patrulha. O incidente ocorreu em março, quando os agentes perseguiam o grupo após mais um assalto. Não se registaram feridos.