Sem um gerador para fazer face a emergências, a cadeia de Braga esteve às escuras durante três horas, deixando dez guardas a vigiar mais de 120 reclusos fora das celas, apenas com recurso às lanternas. O caso teve lugar ao início da noite deste domingo e foi provocado por uma avaria na rede elétrica.
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Para o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) este episódio colocou em perigo guardas e presos e é mais um exemplo do abandono a que o sistema prisional foi votado pelo Ministério da Justiça.
Eram cerca de 17 horas quando uma avaria na rede elétrica deixou parte da cidade de Braga sem luz, incluindo o estabelecimento prisional situado na Avenida Artur Soares. A esta hora, denuncia o SNCGP, os 128 reclusos estavam todos no refeitório para jantar e só conseguiram terminar a refeição à luz das lanternas dos guardas.
A medicação foi ministrada aos reclusos nas mesmas condições.
Sem um gerador para fazer face a este tipo de emergências, a prisão de Braga permaneceu às escuras durante cerca de três, uma vez que a eletricidade naquela zona da cidade de Braga só foi reposta perto das 20 horas. Assim, também o regresso às celas e o encarceramento, que decorreu entre as 18.30 e as 19 horas, foi realizado apenas com a luz emanada das lanternas dos dez guardas que, naquela ocasião, estavam a vigiar os mais de 120 presos.
“Guardas e reclusos em perigo”
O dirigente do SNCGP, Frederico Morais, refere que a avaria elétrica, e sobretudo a ausência de um gerador para assegurar a iluminação do estabelecimento prisional, obrigou os guardas a trabalhar além do seu horário. “Havia troca de turno às 18 e às 19 horas, mas os guardas ficaram no estabelecimento prisional até às 20 horas para auxiliar os colegas”, afirma.
Ao JN, Frederico Morais sublinha que esta situação “foi muito perigosa” e só a “cooperação dos reclusos” evitou males maiores. “Os guardas prisionais, os reclusos e o próprio estabelecimento prisional ficaram em perigo”, garante.
O dirigente do SNCGP declara, ainda, que o que sucedeu em Braga é mais um exemplo de uma política que não valoriza o sistema prisional. “A senhora ministra da Justiça gabou-se que gastou 46 milhões de euros, só no ano passado, no sistema prisional. Mas não houve dinheiro sequer para comprar um gerador para ter segurança numa cadeia”, critica.
A prisão de Braga funciona, desde 1972, num edifício por quatro alas, cada uma delas equipada com um refeitório, simultaneamente aproveitado como área de convívio. Com uma capacidade para 91 reclusos, que neste momento está ultrapassada, destina-se essencialmente a acolher reclusos preventivos à ordem dos tribunais das Comarcas de Amares, Braga, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho e Vila Verde.
Esta é uma prisão classificada de alta segurança e com um grau de complexidade de gestão médio. Até ao momento não foi possível obter uma reação da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.