O deputado do PSD Carlos Eduardo Reis anunciou, esta quinta-feira, que vai processar a TVI/CNN e disse concordar com a posição do partido de não pactuar com ilegalidades, esperando que "os grandes padrões de ética" se apliquem a todos.
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Em declarações aos jornalistas no final da reunião do Grupo Parlamentar do PSD, Carlos Eduardo Reis respondeu a perguntas sobre as reportagens emitidas na terça e quarta-feira à noite pela TVI/CNN Portugal - em que o seu nome é envolvido -, e que dão conta de que no âmbito da Operação Tutti Frutti foram intercetadas escutas e comunicações que apontam para um alegado "pacto secreto" entre PSD e PS para cada partido manter a liderança de determinadas juntas de freguesias de Lisboa nas eleições autárquicas de 2017.
Questionado sobre as condições políticas para se manter como deputado, Eduardo Reis disse que essa será uma avaliação sua, que fará diariamente. "Quem faz essa avaliação sou eu, o que está em causa é a minha atividade empresarial de há muitos anos, não é o meu mandato aqui na Assembleia da República, nem o meu exercício de cargos públicos. É importante que essa linha seja traçada. Confiança, como viu, tenho de todos os meus colegas", disse, referindo-se a manifestações de solidariedade que recebeu na reunião.
O deputado disse nunca foi chamado pela Justiça, apesar ter "pedido para ser ouvido" por várias vezes, não ser arguido, reiterando que nunca corrompeu ninguém.
Carlos Eduardo Reis anunciou que irá processar a TVI/CNN e o jornalista Henrique Machado por notícias que considera "incompetentes, mentirosas e mal trabalhadas".
Sobre a forma como o PSD reagiu a este processo, repetiu o que tinha dito na reunião do grupo parlamentar: "Não vou ser o idiota útil, nem me vão utilizar para fazer combate político ao Governo".
Questionado se critica o facto de o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, ter levado este tema ao debate com o primeiro-ministro na quarta-feira, respondeu: "Não, concordo com o secretário-geral do partido quando diz que devemos ser absolutamente intransigentes com ilegalidades e mantemos aqui grandes padrões de ética. Isso aplica se naturalmente a todos", frisou.
Líder da bancada do PSD remete avaliação do mandato para deputado
O líder parlamentar do PSD remeteu para o deputado Carlos Eduardo Reis a avaliação sobre o seu mandato, mas considerou que, não sendo arguido em qualquer processo, "não há razão" para que tome qualquer decisão.
No final da reunião da bancada, Miranda Sarmento disse aos jornalistas -- como tinha feito perante os deputados -- que na quarta-feira trouxe este tema ao debate parlamentar com o primeiro-ministro, separando a questão política da questão judicial.
"Há um caso que não pode ser ignorado e que atinge os dois partidos de regime e o que disse foi muito claro, na sequência do que disse o presidente do partido: o PSD não pactua com ações políticas ou atitudes políticas que possam não ter ética, violar decência política ou possam ser ilegais", disse.
O líder parlamentar frisou que os visados na reportagem "têm todo o direito à defesa" e "direito a que este processo ande mais rápido".
"Mas do ponto de vista político o PSD não pode ignorar uma matéria que, caso se confirme, merece toda a nossa condenação", disse.
Questionado se não houve uma diferença de tratamento entre estas notícias e outras relativas ao presidente do PSD, Miranda Sarmento frisou que "aqui há um ponto político de saber se há uma combinação entre dois partidos, diferente de matérias puramente judiciais".
Já sobre as condições políticas de Carlos Eduardo Reis para se manter como deputado, Miranda Sarmento começou por remeter essa decisão para o próprio.
"Entendo que o deputado terá que avaliar se tem condições, mas a regra tem sido a questão de ser arguido e de facto ele não é arguido. (...) Não há razão nenhuma para que o deputado tome qualquer decisão sobre o seu mandato, considerou.