O carro de matrícula inglesa com que um emigrante atropelou cinco pessoas, duas delas mortalmente, em Rebordosa, Paredes, não tinha o seguro em dia.
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José Pinto, que planeava regressar a Inglaterra anteontem, já foi levado para o Estabelecimento Prisional do Porto, onde irá aguardar o desenvolvimento do inquérito. Está indiciado por crimes de homicídio e condução perigosa e sob efeito de álcool.
De acordo com dois sítios da Internet, um do governo inglês e outro de uma entidade independente, a matrícula do Audi A6 que José Pinto conduzia não tinha o seguro em dia. A apólice da viatura, que estará há largos meses em território português, tinha terminado no passado dia 8. Esta é também uma das vertentes da investigação que está a cargo da Polícia Judiciária. Em Portugal, o Audi também não consta como segurado.
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Ontem, o Tribunal de Instrução Criminal decidiu pela prisão preventiva de José Pinto, essencialmente pelo alarme social provocado pelo atropelamento de cinco pessoas, na tarde do passado sábado. Ao que o JN apurou, o emigrante alegou nunca ter tido a intenção de matar quem quer que fosse e que apenas quis fugir do local, por receio de ser agredido e por estar bastante alcoolizado. No teste acusou mais de dois gramas de álcool por litro de sangue.
Pedro Leal, de 36 anos, conhecido por "Espanhol", e José Nogueira, 30 anos, não resistiram aos graves ferimentos e faleceram nos hospitais de Santo António e de S. João, no Porto, durante a madrugada de anteontem. Dois dos feridos ligeiros tiveram alta médica, enquanto um terceiro permanece internado no Hospital Padre Américo, em Penafiel.
"Vou varrer aquilo tudo"
Todos os sinistrados, um deles um ciclista que passava, foram colhidos durante a investida de José Pinto, indiscriminadamente e apenas porque se encontravam naquele local, numa manifestação de fúria depois de o emigrante ter sido expulso da festa anual da matança do porco por mau comportamento.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, quando saía da sede do Moto Clube de Rebordosa, onde decorria a festa, José Pinto gritou: "Vou varrer aquilo tudo". A frase foi ouvida por várias pessoas que nunca desconfiaram que o emigrante levasse a cabo o que acabara de anunciar, protagonizando uma tragédia que levou à morte de duas pessoas.
Os funerais de Pedro Leal e José Nogueira estão marcados para amanhã, em Paredes. Pedro será sepultado de manhã, em Gandra, onde estará em câmara-ardente na capela mortuária, e José vai a enterrar ao início da tarde, no cemitério da Igreja Nova, em Rebordosa.
Emigrante tinha regresso marcado para domingo
José Pinto é natural de Rebordosa, Paredes, mas está emigrado em Inglaterra há vários anos. Naquele país trabalha na área da construção civil, essencialmente na renovação de fachadas. Tinha chegado a Portugal há vários dias para visitar a família. Foi à festa do Moto Clube de Rebordosa, onde aconteceram os atropelamentos, para conviver com amigos e tinha o regresso ao Reino Unido marcado para anteontem, no dia seguinte à tragédia.
Entregou-se à GNR
Depois de ter atropelado as pessoas em Rebordosa, José Pinto fugiu, mas acabou por se entregar, pouco depois, no posto da GNR de Lordelo, de onde foi levado para as instalações da Polícia Judiciária do Porto.
Clube de luto
O Moto Clube de Rebordosa foi fundado em 2001 e tem mais de 250 associados. Em 2013 inaugurou a sua sede, que fica numa antiga escola primária cedida pela Câmara de Paredes. É neste local que decorrem a maior parte das atividades da associação. Uma das vítimas, Pedro Leal, conhecido com "Espanhol", era secretário da Assembleia- -Geral do clube.